OK, ok, o iPhone é lindo, maravilhoso, sensacional, a melhor coisa desde a invenção do pão fatiado. Mas eu, na minha modesta opinião (atrasada pelo modo pós-CES), acho que a Apple conhece bem o mercado de iPods e computadores, mas corre grande risco de apanhar da concorrência em recursos e integração com o PC. Razões para isso:
1) Câmera. A Apple acha que 2 megapixels é o máximo que se pode ter em câmeras de celulares hoje em dia. Explico: no final da conversa com Greg Jozwiak, a colaboradora do blog Renata Mesquita perguntou se “2 megapixels não era pouco”. O executivo ficou surpreso com a questão (“como só 2 megapixels? Isso não é mais que suficiente?“). Pesquisa de mercado básica, meu caro: Vai lá na Sony Ericsson e na Nokia e veja bons modelos de celulares com zoom óptico e 3,2 megapixels de resolução. Sem falar no incrível mercado asiático e seus aparelhos de 5 megapixels (ou mais) – mesmo que sejam protótipos. E os preços da concorrência são compatíveis ou menores, sem contar que não têm planos escravizadores como os da Cingular e seus 2 anos de contrato para ter um iPhone.
2) Sincronia. Até um tempo atrás, sincronizar o celular com o PC era um parto, tanto via cabo como por Bluetooth. Motorola, Samsung e Nokia melhoraram bastante nessa questão. Aí fica minha dúvida: o iPhone vai sincronizar dados com facilidade nos PCs (nos Macs com certeza, mas… e máquinas com XP/Vista, como ficam? Quero ver isso funcionando direito!). Rigues me diz que vai ser tudo via iTunes (mas por mais que tenha Bluetooth 2.0, vai ter paciência pra sincronizar 8 GB sem um bom cabo USB!)
3) Redes. O iPhone usa redes EDGE e Wi-Fi – nenhuma novidade. É quad-band (pelo menos). De novo, concorrentes (qualquer modelo da Nokia mais novinho que rode Symbian Série 60, por exemplo, como o N80 e o N93) já têm padrões 3G integrados para videoconferência por um preço compatível (OK, as redes só existem na Europa e ísia, mas tudo bem, nada como se garantir para o futuro…). Wi-Fi? Pelo que já testei em celulares, funciona direito, mas tem muito a melhorar ainda – gravar conexões favoritas, ter um botãozinho pra ligar e desligar o wireless e alguns detalhes mínimos. Ah, os mesmos aparelhos com Symbian série 60 também rodam uma variante do browser Safari.
No final, vai ter muita gente doida pelo aparelho, mesmo que para usar como um PDA de luxo (no Brasil, ainda mais pelo hype-monstro feito pelas semanais Veja e Época – será que saiu no Fantástico também?). Acho que vale aqui aquela velha máxima para os produtos Apple (e de tecnologia em geral): nunca compre a primeira geração, que vem cheia de bugs e probleminhas de design. Aguarde o iPhone 2.