Será que o novo chip da AMD, o Zacate (ou E-350), que une para valer CPU e GPU na plataforma Fusion, dá conta do recado? Testamos a placa Asus E35M1-M Pro em games e uso diário. Veja como a nova plataforma da AMD funciona no desktop.
Há anos ouvimos a AMD falando de um chip que parecia mítico, que não precisaria de placa de vídeo, usaria um chipset mais simples e usaria pouca energia. Logo depois de comprar a ATI a mensagem começou a ressoar.
Agora, finalmente temos esse esperado processador, que a AMD chama de APU (Advanced Processing Unit). Recebemos para teste uma placa-mãe da Asus, a E35M1-M Pro, que vem com o E-350 soldado.
A Intel promete uma solução com CPU e vídeo integrados há anos, mas o que ela fez foi colocar a CPU e GPU lado a lado no wafer de silício, em um modo distinto da proposta da AMD. Na teoria, ambas os propostas são incríveis.
É claro que precisamos levar alguns fatores em conta na hora de avaliar a plataforma Fusion, ou melhor, Brazos: ela não é feita para oferecer alto desempenho. O negócio com essa primeira onda de APUs é correr atrás dos Atoms da Intel. Logo logo teremos os modelos bons de briga para encarar os Core i3, i5 e i7, mas por enquanto o objetivo é oferecer uma experiência básica decente, com um pouco de games e boa capacidade de vídeo.
A primeira surpresa quando tiramos a placa-mãe da Asus foi o sistema de resfriamento. A Asus E35M1-M Pro já vem prontinha, com o E-350 soldado na placa e protegido por uma grande peça de alumínio, que consegue manter o chip central em condições térmicas de trabalho. Para montar um PC de mídia, não há nada melhor. Uma ventoinha zunindo destrói o som de um filme, fora que sem partes móveis, a máquina funciona com ainda menos energia.
A segunda surpresa, não muito boa em um primeiro momento, foi perceber que nenhuma memória que tínhamos funcionaria. Se não for DDR3, sem chance. Alguns podem argumentar que DDR3 é exagero para uma máquina de entrada, mas faz sentido: agora, tudo o que for novo e usar DDR2 vai “micar” em pouco tempo. Como a ideia é que a máquina dure um longo tempo, futuros upgrades de memória seriam complicados ou caros. Para resolver o problema, usamos dois pentes de 2 GB de memórias DDR3 1066 MHz da Kingston.
Testamos a placa usando uma fonte de 450w da Cooler Master, mas foi um exagero. Uma fonte de 150w dá e sobra, para uma máquina “humana”, com um ou dois HDs e drive óptico. Mais que isso o usuário normal não usa mesmo.
A E35M1-M Pro tem um botãozinho perto dos slots de memória que faz overclock de até 33% (que, no fundo, não faz tanta diferença assim, mas é legal saber que o recurso está lá), tem slot para espetar uma placa de vídeo parruda, seis interfaces SATA (5 normais e uma eSATA), quatro portas USB 2.0 prontas (com possibilidade de instalar mais oito) e duas portas USB 3.0. E a placa não tem Wi-Fi integrado.
Sabe seu CD-ROM, gravador de DVD e HDs PATA? Pode se despedir. A E35M1-M Pro não tem nenhuma entrada PATA. Ou é SATA ou pode esquecer. O mais duro de entender foi o slot PCI Express para placa de vídeo: GPU é vital nos jogos, mas chega um ponto que é preciso de um fluxo violento de polígonos para alimentar o poder gráfico. O processador é bom, mas não foi feito para uma tonelada de cálculos. Imagine, dar conta de um monte de polígonos e ainda dar andamento nos processos do jogo. Sem chance. Usamos uma Radeon 5880 e houve uma melhora de menos de 15% nos games testados. Fora que a temperatura da máquina aumentou bem. Não vale o consumo de energia ou o acúmulo de energia térmica.
A GPU integrada ao E-350 é surpreendente. A Radeon HD 6310 é muito melhor do que o esperado. Nosso game de escolha é Street Fighter IV. Além de um contador de frames que pode ser deixado na parte superior da tela, com ele não tem meio termo: ou você consegue jogar legal ou desiste.
E o que o E-350 fez com o game? Rodou muito bem a uma média de 55 quadros por segundo. Claro, não rodamos o jogo em alta resolução nem com todos os efeitos ligados. A resolução usada foi 1280×720 a 59Hz e alguns efeitos, como blur e sombreamento, foram deixados no mínimo.
Os usuários mais escolados vão questionar o motivo de usarmos essa resolução, inclusive dizer que é piada. Mas sigam o meu raciocínio: o E-350 veio para puxar briga com o Atom, e um dos principais usos desktop dele é como mídia PC e computador básico.
Como utilizei uma TV de 32 polegadas, faz muito mais sentido usar essa resolução, especialmente porque rodei usando a saída HDMI. A TV é full HD, mas como ninguém cola na frente da TV, não faz a menor diferença jogar a 720p ou 1080p. O objetivo era conseguir uma experiência de jogo satisfatória em condições reais de uso. Mas, para quem ficou curioso, a 1080p o jogo rodou a uma média de 32 quadros.
O que um Atom faz com Street Fighter IV? Não muito. Aqui, só consegui rodar o game de forma minimamente decente usando um Core i3 com uma Nvidia GeForce 310M.
Claro, esse não é um parâmetro válido para tudo. O que SFIV mostrou foi que a GPU integrada dá muito bem conta do recado e segura o tranco com games medianos. Nem pense em rodar um monstro como Bulletstorm (média de 13 quadros/s) ou Fallout New Vegas (15 quadros/s). O Fusion, hoje, não foi feito para isso.
O teste seguinte foi com a web. Quantas abas simultâneas, desempenhando diferentes habilidades. Mandamos bala no Chrome e fomos abrindo abas. ZTOP, Gmail e Twitter. Aí fomos aumentando o grau de ignorância, com uma transferência por FTP, Pixlr, Unity e dois vídeos SD do YouTube. Foi só no segundo vídeo simultâneo que começaram os engasgos, mesmo assim pequenos. O usuário “civil” raramente abre tantas abas, e praticamente nunca força a máquina com tamanha carga – como o Unity faz.
Aí veio a hora do teste de vídeo. A AMD fala que o sua APU dá conta de vídeos a 1080p. Usamos o VLC, que conta com aceleração por GPU, para reproduzir arquivos de diferentes bitrates. Tentamos um rip de Blu-Ray com absurdos 20mb/s. Aí, MKVs mais modestos, com 12mb/s. Nenhum engasgo. Aí, soltamos três janelas simultâneas. O E-350 segurou firme. Mas com quatro janelas simultâneas os vídeos começaram a mostrar sinais de lentidão. Para ver um vídeo por vez, a APU dá e sobra.
Como os mídia PCs costumam baixar conteúdo ao mesmo tempo que reproduzem vídeo, simulamos as mesmas condições de teste com o uTorrent rodando em segundo plano. Nenhum alteração de desempenho, mesmo com três vídeos simultâneos.
Mas nem tudo é perfeito. Quando precisa desempenhar funções que demandam cálculos pesados de CPU, o E-350 derrapa um pouco. Para converter usando o HandBrake um MKV ripado de Blu-Ray para 720x48o, ele conseguiu uma média de 25 quadros por segundo.
Depois de tanta agressão, era hora de ver como andava o calor da placa. Reiniciei a máquina para ver as informações na BIOS e vi espantosos 65 graus.
A essa temperatura um antigo Athlon que tive travava o tempo todo. Mas o E-350 nem deu importância, pois em momento algum mostrou sinais de instabilidade. Se a APU funciona bem mesmo assim, qual o problema? E se esse calor for o preço por ter uma máquina silenciosa – coisa vital em um mídia PC ou computador doméstico para uso geral – eu não vejo problema.
Testamos as portas USB 3.0 com um disco Transcend StoreJet de 500 GB e o resultado foi esperado: 75 MB/s, um resultado que reflete o disco usado.
O veredicto é que a plataforma Fusion é surpreendente. É o concorrente direto da plataforma Intel Atom que a AMD prometeu. O desempenho lembra o do Ion, mas por não depender do Atom, o E-350 leva ampla vantagem. Mas que fique claro: o poder de processamento de CPU é pouca coisa superior a um Atom de dois núcleos. A GPU Radeon HD 6310 foi o ponto de ruptura que fez a balança pesar muito para o lado da AMD.
O interessante é que esse é apenas o começo. Quando vierem os processadores que brigarão com a família Core da Intel, aí sim, a disputa será maior. A Asus confirmou que a placa será vendida no Brasil, mas o preço final ainda não foi definido – nos EUA, ela custa em torno de US$ 150.
Muito bom saber das capacidades do Fusion. Obrigado pela matéria.
Agora fiquei curioso pra saber como ele lida com programas como o AUTOCAD por exemplo.
Se puderam publicar um teste, fico grato.
Abraços
UEFI, bela skin.
Bem melhor que as primeiras BIOS da Phoenix que aceitavam mouse serial. :p
E Jô, se desligasse o VSync, os FPS em 720p não subiam um pouco? (pelo menos nas horas mais calmas)
A temperatura parece tranquila, obtida em bancada ou em gabinete?
Se for em bancada, provavelmente num gabinete bem projetado (o dissipador parece pensado pra ficar montado de pé) o resultado pode ser melhor (ainda que com algum ruído).
E tá dentro das especificações dos 40nm da TSMC… (e pensar que com cooler box, um Duron 800 aqui rodava direto a 80 celsius… :p)
Rubens,
Sem o VSync o game fica horrendo. Como é um jogo de luta, cada frame precisa estar amarrado para permitir uma jogabilidade decente. Em jogos de tiro isso não é tão vital, mas quando falamos de um game de luta em que um golpe é desferido em 2 ou 3 frames, faz toda a diferença do mundo.
A temperatura foi obtida em bancada, por isso o espanto. Para um processador tão pequeno achei alta. E como disse, eu tive um Athlon que travava a 48 graus. Isso me deixou meio traumatizado com temperatura de trabalho de processadores ;-). O ruído de um gabinete violento desvirtuaria um pouco a vocação silenciosa do E-350 para mídia PC ou desktop compacto e silencioso. Fora que o consumo de energia aumenta com um monte de coolers.
O dissipador funciona legal em qualquer posição. Testei ele com a placa de pé, na posição padrão dos gabinetes, e a leitura do calor foi a mesma do que com a placa na horizontal.
80 graus? Pelamordedeus. O bicho devia comer energia com farinha, não?
Mas o limite dele era 90, então tava tranquilo. :p
E pelo que eu podia ver, a leitura na BIOS parecia superfaturada.
Mesmo assim, malditos gabinetes que deixam a fonte paralela ao soquete da CPU…
A pergunta do Vsync foi mais pra saber a capacidade do hardware mesmo, não pela experiência de jogo.
Eu lembro que fiquei com cara de idiota ao ver o benchmark dele marcar 57 fps em resolução de GameBoy, pra depois lembrar de desativar o vsync :p
ehehhe…
energia com farinha?! Tenho um prescott funcionando aqui em casa até hoje!!! 🙂
E achei interessante a proposta dessa máquina.
Se vier com uma porta ótica (ou se o HDMI transmitir audio), será um bom produto para HTPC.
Acredito muito no potencial dessa plataforma, finalmente o custo ficou acessível à ponto de fazer sentido comprar!
Pode parecer um exagero da minha parte, mas justamente por dispor de baixas resoluções (1024×600), um netbook combinado com a plataforma Fusion (C-30 ou C-50) pode ser uma interessante plataforma de jogos casuais, se estes forem devidamente utilizados. Quem é que não gostaria de levar um netbook à tira-colo e disputar uma partidinha de Counter-Strike (Source)? &;-D
Não creio que seja exagero. A APU reinventou a comunicação entre CPU e GPU, então num netbook com suas resoluções nunca maiores que 1366×768 é bem provável que se obtenha um desempenho decente em jogos de 2005/2006.
Estou aguardando a linha mid-end da plataforma Fusion, vamos lá AMD vcs finalmente estão fazendo tudo certinho de novo, não vá derrapar agora.
cara me ajuda estou com muita duvida, qual eu compro, sou gamer http://www.submarino.com.br/produto/10/23836952/n…
ou
http://www.kabum.com.br/cgi-local/kabum3/produtos…
ajuda por favor
[email protected]
Só para constar: o Atom dual-core somente é superado por pouca diferença pelos Fusion C-50, que possui uma arquitetura "out-of-order" e roda a somente 1.0 GHz. Se comparado ao E-350, o Atom dual-core será simplesmente humilhado! &;-D
Nao consigo rodar mkv 1080p fica travando o que eu faco
[…] leva de placas-mãe com processador AMD Fusion “Zacate” — como a Asus E35M1-M Pro (já testada por este ZTOP) e a GA-E350N-USB3 da Gigabyte.Todas elas seguem mais ou mesmo a mesma estratégia: […]
[…] “Llano”: até 10,5 horas de bateria (!)Llano chegou: AMD libera a APU para fabricantes de PCAMD Fusion: como funciona com games?Review: Sony Vaio Y VPC-YB15AB (com AMD Fusion)Esta semana ainda daremos mais um motivo para você […]
vTambém gostaria de saber,presumo que não funcione tão satisfatoriamente assim(posso estar errado,ou não).
[…] “Llano”: até 10,5 horas de bateria (!)Llano chegou: AMD libera a APU para fabricantes de PCAMD Fusion: como funciona com games?Review: Sony Vaio Y VPC-YB15AB (com AMD Fusion)Tagged as: AMD, Vision, ztop Post por Henrique […]
Essa placa não precisa de cooler no processador?
bom…. aqui rodei witcher no high com travadinhas e ghostbusters no high sem travadas e pouquissimos engasgos forçando 60 frames…. por enquanto essa placa ta dando conta do recado aqui… uma falha do site foi utilizar memoria 1060hz… eu estou utilizando 1866 …. e esta otima!!!