A AMD anunciou hoje que seu conselho diretivo elegeu o presidente e COO Dirk Meyer como novo executivo-chefe da companha. Meyer sucede Hector Ruiz, que agora vira ‘chairman’ executivo da AMD e presidente do conselho de diretores. O novo CEO está na empresa desde 1995 e fez parte do time que criou o processador Athlon.
É a mesma história: empresa que não vai bem acaba trocando de CEO mesmo, e o tal mercado tem lá sua razão. Profissionalmente, a AMD e seu conselho devem saber o que fazem. Ruiz estava no cargo desde 2002.
Pessoalmente, é uma pena. Ruiz estava na minha lista de CEOs com cérebro e carisma (que faz muita falta a outros tantos executivos nesse ramo de tecnologia, por sinal).
Depois do clique, aproveito pra republicar um texto que escrevi para um antigo blog pessoal sobre a visita de Hector Ruiz ao Brasil em 24 de maio de 2006. O motivo? A comemoração dos 10 anos de AMD no Brasil. Vale pra reler e repensar o que aconteceu (ou não aconteceu) em meros dois anos.
Pequeno complemento (qualquer semelhança é mera coincidência): dois minutos após eu publicar esse post, chega um press-release sobre um projeto dos 40 anos da concorrente Intel falando sobre o site com um mural de visões dos próximos 40 anos na tecnologia. Chega a ser irônico, não?
Hector Ruiz e os 10 anos da AMD Brasil
Hector Ruiz, CEO da AMD, está no Brasil. O mexicano-americano, simpaticíssimo, veio para os eventos de comemoração de dez anos da subsidiária local, a primeira a surgir na América Latina (hoje o Brasil concentra as operações da região, mas há escritórios na Argentina e no México). Em um almoço com a imprensa especializada, ele falou sobre PCs para inclusão digital, novos modelos de negócios para a AMD e sobre a parceria com a Dell. A seguir, um resumão da conversa:
Concorrentes, notebooks e servidores: Ruiz acredita que a próxima fase da AMD está em “reinventar a computação móvelâ€. “Falta inovação nesta área, sem recursos novos e diferenciais de mercado. Vamos fazer para a mobilidade o que fizemos no mercado de servidoresâ€, disse Ruiz. Em resumo, a AMD lançou o chip Opteron para servidores em 2002 (quando não tinha nada de participação em vendas de servidores) e hoje já tem 20% do mercado – graças ao bom desempenho do próprio Opteron (o primeiro a rodar instruções 32/64 bits em um processador só) e aos tropeços do Itanium, da Intel, que não deu muito certo. “Agora o mercado sabe que são dois fornecedores grandes, não só umâ€, disse. “Mas pelo menos com o aumento de competitividade por parte da AMD, a Intel se tornou uma companhia melhor – isso é o básico da concorrência.â€
Ruiz deu a entender que, em notebooks, faltam opções. Tem que ser do tipo que o usuário quer usar, atendendo suas necessidades – não apenas as do fabricante. “Notebooks podem ser segmentados, com preços e recursos diferentes, personalizados. Hoje todos têm a mesma caraâ€. Ele afirmou que a AMD trabalha com seus parceiros de hardware para “melhorar a experiência em mobilidadeâ€.
Inclusão digital: A AMD faz parte do projeto One Laptop per Child, tem o PIC, o PC movido a Windows CE, í venda no Brasil e incentiva o projeto 50×15. Ruiz acredita que não adianta falar apenas do custo do hardware (nos próximos dias, em Recife, a Intel deve dar detalhes do EduWise, o notebook educacional). â€œÉ uma iniciativa que inclui o custo do produto, seus recursos, os serviços oferecidos, financiamento. A concorrência só olha para o custo do hardwareâ€, critica. “Quem vive em países desenvolvidos, com mercados maduros, pensa que os mercados emergentes querem um Rolls Royce completo, e essa não é a idéiaâ€.
O trabalho de inclusão digital é grande: o CEO da AMD acredita que, nos próximos cinco anos, os países emergentes (Brasil, Rússia, índia, China etc) vão gerar uma demanda de mais de 1 bilhão de pessoas com computadores. “Tem que ser barato, mas tem que ser de alta qualidadeâ€.
Parceria com a Dell: Quebrar a muralha da Dell – até então restrita ao mundo Intel – é motivo de comemoração para a AMD, mesmo que seja apenas para servidores, por enquanto. E os desktops Dell com AMD, quando chegam, sr. Ruiz? “Bem, estamos esperançosos de aumentar a parceria com a Dellâ€.
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É claro que, durante o almoço, não faltou a pergunta clássica “e a fábrica de semicondutores no Brasil, quando vem?”. Bem, não vem, por enquanto. Enquanto a Intel tem fábricas por todo o mundo, a AMD se concentra em poucas plantas (Alemanha, China e Malásia, se não me engano).
A razão de não ter mais? “Somos um décimo do tamanho da Intel.” Quando precisar e quando encontrarem um lugar com boa infra-estrutura (água, eletricidade etc), irão pensar em uma nova fábrica. Eu acho que no dia que alguém anunciar uma fábrica de chips no Brasil, seja Intel, AMD ou quem for, o povo que sempre pergunta a mesma coisa ano a ano não vai acreditar não. Ruiz até ironizou, disse que todo país emergente que ele vai fazem essa pergunta. Bem, perguntar não ofende, certo?
Já era tempo…. vamos ver como se sai esse Meyers