Autodesk University 2015 – Mofo e a natureza servem de inspiração para criar peças de avião. Ossos crescem em laboratórios feitos em impressoras 3D. Operários altamente qualificados usando capacetes com informações que levam o mundo analógico para o digital.
Isso é só uma parte das coisas que vi no Autodesk University 2015, que ocorreu esta semana em Las Vegas.
Design Generativo: é um conceito defendido pela Autodesk (e aplicado na prática no projeto da divisória do A320) em que o software da Autodesk usa algoritmos evolucionários (baseados no crescimento de limo/mofo e do crescimento de ossos, por exemplo) que criam inúmeras opções de design. Um dos projetos mais interessantes nos labs da companhia se chama Dreamcatcher, que aplica conceitos de inteligência artificial e simulações complexas no software – que ajuda a criar formas.
Em resumo: o software vai ficar tão inteligente que cria inúmeras opções, simula o melhor uso entre as centenas de oportunidades e o humano escolhe a peça final que melhor se ajusta a sua necessidade. Num papo-cabeça com Jeff Kowalski, CTO da Autodesk, perguntei se o software poderia substituir o designer num futuro próximo. A resposta foi mais interessante ainda:
“O designer é um curador de gostos. O papel do designer hoje é saber o que desejamos e definir o que queremos. A máquina não consegue fazer isso ainda.”
Novos materiais: ainda no papo com o CTO, questionei sobre o uso de materiais novos e a exploração além de filamentos de plástico/tipos de pó/metal/resina usados nas impressões 3D atuais. E materiais orgânicos?
“É algo muito interessante, porque usamos hoje técnicas muito distintas para lidar com impressão orgânica. Uma delas é o uso de titânio purificado para hackear o corpo humano.
O próximo passo é casar o processo biológico a um design gerador e ir além. Os resultados serão mais parecidos com a natureza e seguir formas e forças naturais. Aos poucos vamos nos unir à biologia sintética.
Órgãos impressos no laboratório? Ainda é um passo muito à frente, mas crescimento de ossos, inserindo células-tronco que podem crescer ossos em um ambiente fora do corpo é possível.
Eu sou muito fã dos fungos. Pode anotar que logo mais toda embalagem de produto – proteções internas, aqueles ‘salgadinhos de espuma’ que vêm dentro das caixas – será feita com algum tipo de fungo. Comprou o produto, precisa jogar a caixa fora? Só jogar no jardim e vira fertilizante.”
Falando em fungos e ossos criados em laboratório, vale olhar o projeto DNA Origami da Autodesk. Acredito que logo mais eles se transformam em uma empresa de biotecnologia sem muito esforço.
Operário ultraqualificado do futuro: Nem tanto do futuro assim, a Daqri é uma parceira da Autodesk que mostrou seu Smart Helmet – um misto de capacete de operário com Google Glass e com um toque de Robocop (1987). A ideia aqui é usar realidade aumentada em aplicações industriais e, com programação pra cada tipo de aplicação (obra, mina, escavação etc) adaptar e medir informações em tempo real – tem até uma câmera térmica para ajudar o trabalhador. O produto já está disponível.
https://www.youtube.com/watch?v=BmqmgsAYJiI
Internet das coisas: ainda no modo “obras” (e a Autodesk tem inúmeros produtos voltados para esse mercado de construção), uma conclusão óbvia sobre o tema “Internet das Coisas” (já tinha falado disso no evento da SAP que cobri no primeiro semestre). É algo que já se torna bastante comum no mundo B2B com o uso de sensores em tudo para coleta de dados e automatização de processos, e que o consumidor final nem imagina que o shopping que visita tem um sistema de prevenção de vazamentos.
Ou que seu elevador que usa todo dia está conectado a todo momento para manutenção preventiva – um caso da Microsoft com a Tyssen Krupp (fabricante de elevadores) foi um bom exemplo dado.
https://www.youtube.com/watch?v=tJjpIzCIfGU&feature=youtu.be
Robôs são amigos: Robôs estavam em todo lugar no evento: fazendo drinks (eu tomei um mix de Coca-Cola com cranberry e… errei na escolha de tão doce). Mas um dos modos mais interessantes que a Autodesk – lembrando que ela cria software que move robôs, certo? – usou no evento foi uma instalação chamada Hive (vídeo acima). A ideia era mostrar como robôs e humanos podem trabalhar juntos em processos colaborativos: o humano posiciona as peças de bambu de forma correta, o robô executa uma função de passar a corda em volta. E tudo dá certo.
Impressoras 3D são incríveis (mesmo, e eu já sabia). Finalmente vi de perto a Ember, impressora 3D da Autodesk, com hardware e software (e resina!) open-source. A resina fica na bandejinha e uma luz ultravioleta vai solidificando o material durante a impressão, criando resultados com muito detalhe.
Disclaimer: ZTOP viajou a convite da Autodesk e, por um erro de destino, perdeu muitas fotos bacanas já que o cartão SD da câmera deu pau e precisou ser formatado. Vida que segue com as fotos feitas no celular e imagens de divulgação da Autodesk.
Pessoal, quem quer saber como funcionam as impressoras 3D acessíveis ao público comum, Procurem na amazon o livro “A verdade sobre as impressoras 3D” e vão entender corretamente como funciona essa tecnologia. Que não faz milagre, mas quase.