Hacker do iPhone pede ajuda em processo judicial contra a Sony
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Hacker do iPhone pede ajuda em processo judicial contra a Sony

RESUMO

George Hotz, ou GeoHot, pede ajuda financeira para se defender de um processo que a Sony move contra ele por modificações no PlayStation 3.

George Hotz, o famoso GeoHot, como é conhecido pela comunidade hacker, pede ajuda financeira para se defender de um processo que a Sony move contra ele por causa do hackerismo que fez no PlayStation 3.

Há algumas semanas, o GeoHot ofereceu a chave de encriptação que protege o console da Sony de rodar software não-certificado. Isso vale para piratas, mas também para programas feitos de maneira amadora, pela comunidade de programadores. O principal objetivo era restaurar a habilidade do console rodar outros sistemas operacionais, como o Linux. Originalmente, o PS3 tinha essa opção, retirada posteriormente pela Sony por medo da pirataria.

O código descoberto por Hotz por engenharia reversa e muita engenhosidade é inútil para o usuário comum. Mesmo para a elite geek é complexo aplicar o código de forma que funcione para rodar piratas. Até pouco tempo atrás, era necessário um pendrive especial para forçar um colapso da estrutura de drivers USB do PS3, para abrir uma brecha e rodar imagens de jogos.

Hoje, existem conjuntos de ferramentas lógicas pela web que funcionam em pendrives comuns, mas é bastante complexa sua implementação. Sem contar que as imagens de um game para PS3 ocupam em média 12 GB, tamanho suficiente para desencorajar muita gente na hora de piratear.

O argumento de GeoHot, apesar de polêmico, é legítimo. Além de devolver um recurso que era importante para uma parcela de usuários (Linux), ele permitiu que fossem desenvolvidos mecanismos para que os usuários guardassem cópias de segurança dos próprios jogos, além de poder rodá-los direto do HD, para poupar o leitor óptico de Blu-ray, que sabidamente é temperamental com poeira e marcas nos discos.

A Microsoft oferece de forma oficial esse recurso de transerência de jogo para o HD, e só usa o disco para validação. Tudo roda do HD, de forma mais silenciosa e rápida. E a Sony poderia seguir esse exemplo no PS3.

A Sony foi com tudo para cima do hacker, conseguindo inclusive a apreensão do seu equipamento. Agora, Hotz pede ajuda para a longa batalha judicial que tem pela frente. Em seu site, ele explica seus motivos e pede ajuda. Nas palavraz de Hotz, a Sony usa seu poder corporativo para vencer na marra. Ele conta que já gastou US$ 10 mil, e que precisa de mais três advogados para igualar os 5 da Sony.

GeoHotz já havia ganhado notoriedade mundial quando liberou, sem pedir nenhum centavo, o desbloqueio do iPhone para usar qualquer operadora. Depois veio o Jailbreak, que  libera recursos que estavam escondidos ou negados, como utilizar o aparelho como hotspot. É claro que, como toda ferramenta, o hack foi usado para promover a pirataria de apps, mas nunca de forma direta. O código de Hotz abria uma porta, e como se passava por ela era de absoluta responsabilidade do usuário.

O argumento de Hotz, que foi aceito no tribunal, é de que o aparelho que ele comprou é dele, para fazer o que quiser. Se ele quiser colocar na máquina de lavar, usar como bola de futebol ou peso de papéis, o problema era apenas dele. E isso incluia liberar os recursos do aparelho.

GeoHot ainda faz questão de enfatizar que não aprova a pirataria e apoia o banimento maciço que houve na PSN, a rede online do PS3.

O hacker conseguiu levantar a soma de dinheiro necessária para contratar outros advogados em apenas 2 dias. Por enquanto, as doações foram encerradas em uma primeira fase.

E aí, quem você acha que errou, o hacker criativo ou a grande empresa que não consegue fechar as brechas de software que expõe seu hardware? Vamos ver o que os tribunais dirão.

11 comentários
  • E ele conseguiu o apoio mesmo tendo parte da comunidade hacker meio que de mal dele, depois de uns episódios em relação a ferramentas de jailbreak do iOS. Potencial para muita coisa, esse cara tem!

  • Eis um Hacker de verdade (com agá maiúsculo mesmo), que merece o nome pela inteligência, criatividade e curiosidade. Diferente de meia dúzia de crackers que se dizem hackers e não sabem interpretar um simples algoritmo, logo são pegos pela PF a inda ficam famosos por isso. Não contribuem em nada.

  • Questão secundária que fica…

    Um problema que se repete, uma empresa multinacional com recursos praticamente infinitos contra alguém que mal tem como pagar advogado.

    É daqueles casos que estar certo ou ganhar não fazem a mínima diferença, já que o simples fato de ser processado, ter de bancar o processo, já deixa a pessoa mal das pernas.

    • Bom eu acho q qualquer hacker, craker, curioso que se meta com esse tipo de atividade deve estar ciente desses perigos. E quem não estiver — perdoe-me a expressào — é um tremendo trouxa!

      Acho que o Hotz está sendo apenas a bola da vez que a indústria pega de vez em quando para servir de exemplo e fazer barulho na mídia. E o ara pedir socorro pela rede amplifica ainda mais esse efeito.

      'nuff said.

      • Concordo com vc Mário, em gênero, número e grau. Temos que saber que quando mexemos em qualquer vespeiro, terá consequencias, e a maioria delas não é nada agradável.

        Que a Sony usa força bruta é indiscutível, agora o se GeoHot não quizesse realmente encrenca, ou não divulgava o código ou abria o código sem se identificar.

        Não há impedimentos técnicos para quebrar qualquer sistema, basta ter o conhecimento e vontade (tempo, recursos, etc). Os impedimentos são éticos, morais e sobretudo, legais. Como ética e moral, querendo ou não, são discutíveis, resta a lei, e essa sempre pende para o lado do mais hábil, nem que esse habilidade seja ter milhões em caixa para torrar para esmagar qualquer um.

        Se os sistemas legais fosse realmente justos, o mundo seria um lugar melhor.

  • Há causas muito mais nobres que esta para aplicar dinheiro. Ele aprontou, então que se vire sozinho.

    • Se você é um abastado com dinheiro de sobra, não faz diferença pra você. Mas para a maioria dos usuários do iPhone e PS3, este Hacker facilitou a vida de muita gente! Nada mais justo ajudá-lo…

      • Você tem um desafeto. Um assaltante rouba e mata esse desafeto. É justo apoiar o assaltante também, porque ele eliminou um cancro na sua vida? É uma analogia bem extremista, admito, mas o argumento é o mesmo.

        A questão aqui é que a Sony, apesar de toda a força bruta que todos sabemos que ela usa, de todo o egocentrismo que sabemos que ela tem, está mais do que certa em processar GeoHot.

        Há quem argumente que "comprar um produto me dá o direito de fazer o que quiser com ele", mas, nesse caso, isso não se aplica: os termos e condições de uso do PlayStation 3 (reconhecidos e validados legalmente, vale citar) são bem claras em sua segunda cláusula:

        "2. RESTRICTIONS

        You may not lease, rent, sublicense, publish, modify, adapt, or translate any portion of the System Software. To the fullest extent permitted by law, you may not reverse engineer, decompile, or disassemble any portion of the System Software, or create any derivative works, or otherwise attempt to create System Software source code from its object code."

        Trocando em miúdos, o HARDWARE é seu, e sim, você faz o que quiser com ele. Por isso que a Sony não pode fazer nada comigo pelo fato de eu ter trocado o HD do meu PS3, por exemplo. Entretanto, o SOFTWARE, o SISTEMA OPERACIONAL que está embarcado na máquina é licenciado, e é uma propriedade intelectual, assim como os jogos que ele roda, músicas, filmes, livros etc. Protegidas por lei, essas propriedades garantem ao seu respectivo dono a imposição de sanções legais contra qualquer um que as viole.

        Ao menos, é o que diz a cartilha 🙂 …

        Agora, isso não deixa de levantar uma questão interessante, que se alguém souber elucidar aqui, por favor, faça: se a Sony está certa em processar GeoHot pela violação do SO do PlayStation 3 (XMB – Xcross Media Bar, aliás), por que foi decidido que o jailbreak do iPhone, também desbloqueado por GeoHot, foi legalmente determinado como um precedente cabível ao usuário, doravante, sem possibilidade de ação judicial por parte da Apple?

        Essa é uma parte da situação que eu realmente não entendi.

        ZToppers? Comentaristas? Alguém?