O que é que tem cara de frango, cheiro de frango, textura de frango, gosto de frango, mas nunca deu um pio na vida? É o Beyond Meat, um frango que não é frango.
Esqueça o tofu, seitan ou as “carnes” à base de soja.
Já faz um tempinho que venho lendo na internet sobre um produto curioso, um “substituto” para a carne de frango chamado Beyond Meat , feito inteiramente a partir de matéria prima vegetal e tão similar à “coisa real” que é capaz de enganar até os comensais mais atentos.
Segundo a fabricante, a idéia é encontrar uma forma mais sustentável de atender à demanda mundial por carne, que cresce muito mais rapidamente do que nossa capacidade de produção. Entre os que apostam na idéia está Bill Gates, fundador da Microsoft, que chamou a atenção para o produto em um post em seu blog pessoal.
Aproveitando uma viagem aos EUA dei um pulo a um supermercado da rede Whole Foods, especializada em produtos orgânicos, para conhecer a novidade, que vem em tiras, congelada e pronta para comer.
As sugestões de preparo incluem 2 a 3 minutos numa frigideira em fogo alto ou no microondas por 1 minuto. Na falta de ambos os utensílios em um quarto de hotel, improvisei um “banho maria” por alguns minutos em uma pia cheia de água bem quente, o que acabou dando certo. A embalagem alerta que Beyond Meat não deve ser “preparado como frango”, apenas aquecido. Talvez o calor prolongado afete a textura.
Segundo a embalagem os ingredientes incluem proteína isolada de soja, proteína isolada de ervilha, amaranto, sabor de frango (sem frango, claro), óleo de canola e fibras de soja e cenoura. Mas, segundo minha boca, os ingredientes incluem: frango
Ao morder cada tira, a consistência é a mesma do frango.
Se você puxar um pedaço, ele desfia da mesma forma. Comprei o sabor Frango Grelhado, e algumas tiras tinham até a “marca” da grelha. Se alguém me servisse Beyond Meat sem dizer o que é, por si só ou como parte de uma salada ou sanduíche, eu juraria que se tratava de frango. O único ponto especialmente digno de nota é o uso generoso de pimenta no tempero, talvez uma tentativa de dar um pouco mais de “personalidade” ao prato.
Além da versão grelhada, a Beyond Meat também produz seu “frango” nos sabores Lightly Seasoned (levemente temperado) e Southwest Style (com tempero ao estilo do sudoeste americano), e cada bandeja de 340 gramas sai pelo valor médio de US$ 4,79. Um outro produto da empresa é o Beef Crumble, basicamente carne “bovina” moída apimentada, para uso em chilis, por exemplo. Aguardo ansiosamente a chegada de um “Beyond Bacon”.
Nagano comenta: Tudo bem que esse negócio parece frango e aparentemente entrega o que promete. Mas ao ler esse post a primeira coisa que veio a cabeça foi o filme No mundo de 2020 de 1973 onde o personagem Robert Throrn (Charlton Heston) descobre a verdade sobre uma comida industrializada distribuída para pobres e desempregados chamada “Soylent Green”, que a fabricante dizia ser produzida a partir de algas marinhas (ou mais exatamente Hi Energy Plankton) mas que, na realidade, era feito de outra matéria prima bem mais barata e fácil de ser encontrada em grandes quantidades mesmo na terra seca:
“Soylent Green is people!!!”
A propósito, faltam apenas seis anos para os anos 2020 (brrr!) 🙁
Imagino que eventualmente poderemos imprimir umas comidas dessa em casa =)
Espero que não, já que para mim isso é como comprar um ebook pela internet que você só vai conseguir ler se imprimi-lo na sua jato de tinta ou laser doméstica.
Apesar de que preciso reconhecer isso deve ser o sonho molhado de muitas livrarias on-line e de fabricantes de impressoras.
Imprimir e-book é pecado cara. Coitadas das árvores!
Ops, acho q me expressei mal:
O que quis dizer é: “para mim isso é como comprar um ebook pela internet que você só consegue ler se imprimi-lo na sua jato de tinta ou laser doméstica.”
Sou vegetariano, e já tinha lido sobre este produto mas nunca lido um “hands-on” deste. Gostei muito, façam mais. Só uma sugestão, poderia ter uma foto com maior resolução da parte de baixo da embalagem com a lista dos ingredientes, recorri ao site deles: http://beyondmeat.com/products/grilled/
Não gosto da nomenclatura destes produtos que tentam imitar alimentos cárneos porém se esta for a forma que faça com que mais pessoas deixe de consumi-los que assim seja.
Assim contribui para grande redução no impacto ao meio-ambiente por ser sustentável afinal não ter grandes áreas desmatadas para criar animais muitas vezes em péssimas condições, drogados (antibióticos, hormônios), e no caso de frangos confinados em minúsculos espaços, fora a parte final que ceifa a vida de um ser vivo inocente apenas para satisfazer o deturpado paladar humano.
Só fico com receio do óleo de canola, seria melhor se fosse de milho ou girassol.
No mínimo curioso.
Bom, primeiro há o fato de a embalagem, na sua totalidade, possuir 60% do sódio recomendado para a dieta diária de uma pessoa, o que é comum para esse tipo de alimento pronto, mas que não deixa de ser um absurdo e eliminar qualquer tipo de pensamento em alimentação saudável.
Há o segundo ponto, em que me pergunto, porquê um vegetariano que odeia carnes vai comer algo que tem gosto de carne? Se o paladar humano é deturpado, porque um ser superior vai querer continuar com a prática, se é possível, mais simples, mais barato, mais sustentável, e mais saudável, simplesmente comer vegetais como vegetais?
E o terceiro fato, este é um produto industrializado, que necessita de energia elétrica, que consome plástico e papel para embalagens, além de outros insumos, de sustentável, há muito pouco né?
Bem, eu sou vegetariano desde meus 11 anos (lá se vão 22 anos) e desde então não como nenhum tipo de carne (frango, peixe, etc…). Eu posso falar por mim e só por mim! Meu conceito de ser vegetariano é muito mais filosófica. Eu me oponho à indústria da matança animal. Os animais (realmente) carnívoros (como os tigres na África) se alimentam das vísceras de suas presas pela real necessidade da alimentação e o fazem cassando e devorando os retalhos do outro animal sem o “salzinho” ou o alho para “incrementar” o sabor (como você mesmo citou). Eu não sou muito afeito também à essa “imitação” do paladar e da textura de um alimento que não me agrada (sendo eu um vegetariano)!
Outro ponto relevante é questão do mais custo pela produção por algo tão sui generis. Chega a se beirar à irracionalidade (como o exemplo dos 60% de sódio)… Vale a pena esse sacrifício por um sabor de ‘frango’? Eu acho que não. Eu consumo os vegetais e gosto dos vegetais (mesmo que também tenha uma boa doze de tempero naquela saladinha esperta! rs), não vejo muito sentido essa busca de substitutos para a carne e ainda mais se for a um custo tão elevado…
Em tempo, só existe um sabor de um derivado de carne que provei e que até hoje eu lembro e desse eu gostei muito. Quando eu era um moleque eu provei um salaminho com um sabor bem peculiar e muito saboroso… Eu adoro comidas bem condimentadas (serei eu descendente de indianos?!?! rs).
Carvalho.
Prezado Antônio, excelente análise de um prato de comida em um site de tecnologia (mas sem perder o lema do site de vista: opinião e inteligência).
Uma coisa que reparei com viagei ao EEUU, foi o excesso de pimenta em quase tudo (massa à bolonhesa, saladas, steak, etc) – só a pizza não era apimentada… deve ser por isso o sabor desse prato.