A minha primeira lembrança do Instagram é da era pré-Facebook. Eu tinha um iPhone 3GS e o app de compartilhamento de fotos era exclusivo para a plataforma Apple. Estou lá há tanto tempo que eu consegui um nome de usuário de quatro letras (ZTOP) na época.
Gostava da rede porque ela era mais inovadora que o padrão da época (Flickr, descanse em paz) e tinha um elemento surpresa excelente: você postava a foto, mas não era de imediato que ela aparecia para seus contatos. Levava um tempo, o que dava um efeito surpresa para quem via os posts.
E por ser exclusivo de iPhone, era algo que outras plataformas não entendiam – ou melhor, pessoas que trabalhavam para outras plataformas. Na época o Windows Phone dava seus primeiros passos e lembro claramente de ter ido a um evento da Qualcomm em São Paulo e encontrar o executivo da Microsoft Brasil responsável por sistemas móveis.
Passei uma apresentação toda do evento com o iPhone 3GS na mão do executivo (que hoje, pasmem, trabalha na Apple). “Olha, é isso que vocês precisam, apps assim como Instagram”
“Instagram? Não conheço”, disse meu interlocutor. Mostrei outras coisas que me faziam optar na época por Apple. Coincidência ou não, Instagram foi um app que demorou muito para chegar ao Windows Phone de forma oficial (mas aí a plataforma já tinha queimado e afundado – nas mãos da Microsoft ao comprar a Nokia).
Dois anos após seu lançamento, o Instagram chegou ao Android. Aí foi comoção de torcida mesmo, até Apple entrou na “discussão” (inútil e inevitável lançar o app para a plataforma do Google). Mas lembro de gente – com muito preconceito nas veias – falando que os “pobres do Android” chegaram ao Instagram. Argh.
(a foto que abre esse post foi feita em uma IFA durante o anúncio da Samsung Galaxy Camera… que já tinha Instagram!)
Fato é que dez anos depois o Instagram ainda parece melhor para usar no iOS que no Android, apesar de ambos terem se tornado os penduricalhos de funções que o Facebook copiou dos concorrentes e instaurou na rede (Stories = Snapchat; Reels = TikTok; IGTV = YouTube). E uma máquina de imprimir dinheiro para o Facebook (veja seu feed do Instagram e conte quantos anúncios verá em dez minutos. São muitos).
Gosto do fato que o Instagram usa a máquina de vendas e customização do Facebook, mas em nível menos personalizado – cansei de ver anúncio de Rolex ou apartamento de 300 m2 de frente para o parque Ibirapuera.
E acaba sendo, das três redes principais de Mark Zuckerberg, a menos maligna (à primeira vista para seu mais de 1 bilhão de usuários). Não tem o componente de fácil revolta do Facebook nem a capacidade de viralização rápida do discurso de ódio presente no WhatsApp. Mas se navegar um pouco, dá para cair no buraco do coelho.