Nem Positivo, nem Itautec. A fabricante nacional que a Lenovo realmente adquiriu foi a CCE.
Depois de uma novela que se arrasta desde 2008, a Lenovo Group finalmente adquiriu uma fábrica de computadores no Brasil — e a escolhida foi a Comércio de Componentes Eletrônicos (CCE) — uma empresa do grupo Digibrás que desde 2006 voltou a atuar no segmento de computadores pessoais.
O anúncio foi feito hoje por Yang Yuanqing, CEO Global da Lenovo, em um evento em São Paulo (Nagano está aí e atualiza a nota com mais informações durante a coletiva). A empresa comprou 100% da companhia e a marca CCE continua no mercado inclusive com previsão de novos produtos.
Os primeiros sinais de fumaça que sinalizavam para esse negócio surgiram no início deste ano, mas meio que dispersaram no ar depois que uma outra fabricante local entrou na mira dos chineses — a Itautec (que, reza a lenda, também está à procura de um novo dono).
Mas o balde de água fria caiu mesmo no início de julho, quando a Lenovo anunciou o investimento de US$ 30 milhões em uma nova fábrica e um centro de distribuição de produtos em Itu, no interior de São Paulo.
Entretanto, novas faíscas começaram a surgir nas últimas semanas, quando a CCE começou a oferecer para o varejo computadores a preços tão agressivos ao ponto de chamar (demais) a atenção do mercado para algo que poderia estar acontecendo dentro da empresa.
Some-se a isso um convite repentino da própria Lenovo convidando a imprensa para “o maior anúncio da história da empresa no Brasil” e quem sabe somar um mais um deve ter chegado a três (letrinhas): CCE.
E por que a Lenovo estaria interessada em comprar essa empresa mesmo depois do anúncio da fábrica de Itu?
Além de ajudar na produção de PCs e tablets, o que a Lenovo deve estar mais interessada é em toda a cadeia de suprimentos, capacidade de manufatura e de distribuição da CCE — que já está pronta, azeitada e funcionando a pleno vapor — o que significa um menor tempo para que ela possa ser readaptada para começar a produzir sob a nova marca. Entretanto, durante a coletiva ficou claro que a Lenovo — pelo menos por enquanto — não tem a intenção de acabar com a marca CCE mantendo a sua atual linha de produtos. Enquanto isso a fábrica de Itu irá se concentrar na produção de produtos Lenovo como ThinkPads.
Fora isso, a CCE possui fábricas na zona franca de Manaus e já tem experiência na produção de aparelhos de TVs e até telefones celulares, o que pode facilitar a entrada da Lenovo em outros mercados que também andam bem animados por aqui como o de Smart TVs (cujo primeiro modelo mostrado durante a última CES)…
… e de Smartphones com Android como o LePhone.
Assim com esse novo parque industrial por aqui, a Lenovo tem condições de ampliar a sua produção local e a sua linha de produtos para bater de frente com a concorrência e lutar para conseguir a sua tão desejada liderança de mercado (que repetiram à exaustão aqui em Berlim, durante a IFA 2012).
Ainda em tempo:
Para saber mais detalhes sobre essa aquisição, a Lenovo publicou um interessante FAQ no seu blog. Vale a pena visitar.
[…] que foi anunciada com grande pompa aqui no Brasil com direito a visita e discurso do CEO global da empresa, Yang Yuanqing […]