No fim de agosto, a Nokia fez o lançamento da plataforma Ovi. Dois meses depois, aqui em Buenos Aires fez o anúncio de que, sim, a companhia vai trazer esse tipo de serviço online ao Brasil e resto da América Latina. Citando um monte de números, a companhia percebeu que a presença online dos brasileiros é enorme e que social media, colaboração e comunidades são parte importante da vida na América Latina.
Um dos serviços presentes no Ovi (“portaâ€, em finlandês) é a Nokia Music Store, loja de músicas online da fabricante de “aparelhos multimídia†que, teoricamente, vai concorrer com gigantes como iTunes Music Store no exterior.
Um dos grandes entraves para o lançamento desse tipo de loja online no Brasil sempre foi a falta de interesse no mercado local e as inúmeras dificuldades em licenciamento de conteúdo, com regras que mudam de país para país (iMusica e UOL Megastore que o digam ao lidar com editoras e gravadoras para negociar os direitos de uso). Então, em um período de nove a doze meses a Nokia Music Store estréia no Brasil.
Perguntei a Anssi Vanjoki, vice-presidente executivo e gerente geral de multimídia da Nokia, se esse tipo de entrave burocrático não seria um problema. A resposta foi categórica: “Negociamos com as gravadoras globalmente e nossa equipe no Brasil vai adaptar isso í realidade local.†Em outras palavras, a Nokia-mãe bota o pé na porta e escancara o mercado para finalmente termos uma grande loja online, com venda no PC e no celular. “Quem quer música com bom preço e acesso fácil vai ser nosso consumidorâ€, disse Vanjoki. Ele disse ainda que a loja terá conteúdo com e sem DRM. Milhares de donos de celulares, Nokia ou não, agradecem. Conteúdo relevante é chave para garantir o futuro – é o que dá a entender ao ouvir Vanjoki falar – e não apenas criar aparelhos novos.
Mas aí fica a questão: e a parceria da Nokia com o iMusica? Afinal, o iMusica é a plataforma de vendas de música online usada pela Nokia diretamente em modelos como o N91 e em parceria com operadoras, como a loja online da Claro. Nada muda, nas palavras de Fiore Mangoni, gerente geral de multimídia no Brasil.
A Nokia Music Store ainda vai ser adaptada í realidade local e será um serviço oferecido pela Nokia. Já a plataforma desenvolvida em parceria com o iMusica pode continuar a ser usada pelas operadoras do mesmo modo que é hoje. A operadora fica feliz dos dois modos. Seja porque gera tráfego com sua loja online (faturando em cima das vendas também) ou quando a Nokia Music Store fizer com que seus clientes baixem músicas pela rede das operadoras.
Vamos ver se a Nokia aprendeu com o desastre do lançamento do N81+Ovi na Inglaterra, onde quis vender música diretamente, sem passar pelas operadoras, e acabou que o telefone foi boicotado, ninguém vende o N81.
Até a Apple entendeu isso(*): sem trazer a operadora para seu lado, fica difÃcil vender alguma coisa pra cliente de celular. C’est la vie.
(*) o revenue sharing não é isso? a Apple pega parte da receita e em troca bricka telefones desbloqueados, só pra punir quem não fica na operadora?
Cesar, vejo da seguinte forma: o Ovi roda em inúmeros aparelhos que já estão nas mãos dos consumidores e o serviço mal entrou no ar (poucos paÃses já têm a loja funcionando). Na hora que tudo tiver pronto, redondo, talvez a Nokia tenha um poder de pressão bem maior em cima das operadoras. O debate aqui sobre bloqueio e desbloqueio de aparelhos também foi forte e vai vir chumbo grosso dos fabricantes em cima das operadoras nos próximos anos – acho que a Nokia só se antecipou um pouco em relação a seus concorrentes.
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