Há 30 anos a Atari lançava no mercado o Atari VCS (Video Computer System), seu console doméstico. Com preço inicial de US$ 199 (equivalentes a US$ 680 atuais, ajustados pela inflação) e uma biblioteca de 9 jogos, o console não empolgou muito o público… até 1980, quando a Atari lançou uma versão doméstica de Space Invaders, responsável pela venda de 2 milhões de unidades só naquele ano, o dobro do ano anterior. Em toda sua vida no mercado, o Atari 2600 vendeu mais de 40 milhões de unidades (entre 1977 e 1992) e ajudou a fundar o que hoje é uma indústria de bilhões de dólares.
No Brasil, o “Atari”, como era simplesmente conhecido, chegou ao Brasil em 1983 em uma versão licenciada pela Polyvox (veja um dos comerciais), e logo ganhou companhia de clones como o Dactar (da Milmar) e Supergame VG-2800 (da CCE). Virou uma febre, toda criança queria um, e de repente o mercado foi inundado com cartuchos piratas, dos mais diversos “fabricantes”, o que torna difícil estimar o quanto o tamanho do mercado nacional na época.
A molecada formava clubinhos para troca de cartuchos e dicas, e muitos controles foram destruídos jogando Decathlon. Interessante que, ao mencionar a palavra Atari aqui no Brasil, alguns dos jogos que mais vem í mente são Pitfall!, Enduro, River Raid, Seaquest, H.E.R.O, Megamania e Frostbite (não necessariamente nesta ordem), e nenhum deles é da Atari: todos são da Activision, a primeira desenvolvedora independente para o sistema, formada por ex-funcionários descontentes da Atari. Logo em seguida vieram outras empresas, como a Imagic (autora de Demon Attack e Atlantis) e a infame Mystique, que causou furor ao publicar jogos “pornô” para o console.
Três decadas depois, o nome e a magia do console seguem firmes, graças em boa parte í Internet. Emuladores como o Stella permitem ter um Atari 2600 dentro de seu PC, e sites como o AtariAge distribuem os jogos na forma de arquivos (ROMS) compatíveis com os emuladores, bem como cópias dos manuais originais. Por incrível que pareça, o desenvolvimento de software para o console segue firme e dezenas de títulos são lançados anualmente, com cartuchos, manuais impressos e tudo o mais. Pacotes como o Batari Basic trazem todos o software e documentação necessária para que você, desde que disposto a aprender a programar um pouco, possa criar seus próprios jogos para o Atari.
E quer forma melhor de comemorar os 30 anos do console que jogando uma partida? Se você não tem mais um Atari, não tem problema. Este aí embaixo é Rainbow Invaders, um dos jogos da nova safra para o Atari 2600, desenvolvido pelo programador italiano Silvio Mogno e distribuído em cartucho pela AtariAge. Clique no botão Reset para iniciar a partida, use as setas do teclado para movimentar a nave e a barra de espaços para atirar. Boa diversão!
Mário comenta: Apesar do Atari não ter sido o primeiro nem o mais sofisticado videogame de seu tempo, ele foi realmente o mais popular e tão bem sucedido ao ponto de vários concorrentes criarem “adaptadores” para seus próprios sistemas como o Colecovision e o Intellivision fossem compatíveis com cartuchos de Atari. A versão da Intellivision por sinal, conhecido como System Changer, nada mais era que um clone de Atari completo disfarçado de acessório, que só aproveitava a fonte de alimentação e a saída de TV do Intellivision.
A propósito, uma história pouco conhecida dos primórdios da computação pessoal é a epopéia do Blue Sky Rangers, nome código do “grupo secreto” criado pela Mattel para desenvolver o hardware e os cartuchos para o Intellivision. Reza a lenda que a identidade de seus membros era mantida em segredo, por receio de que a Atari tentasse contratá-los. ;^)
Ainda hoje, o grupo se reúne para falar dos bons tempos, sendo que várias histórias – muitas delas hilárias – retratam muito bem o clima descontraído dos engenheiros e programadores e a eterna marcação do departamento de marketing, bem ao gosto das melhores lendas do Vale do Silício.
Nos últimos anos, alguns membros Blue Sky Rangers se organizaram como empresa e lançaram vários produtos, entre jogos para PCs e consoles, assim como os divertidos joysticks í pilha com títulos pré-gravados para ligar direto na TV.
Para aqueles que gostariam de experimentar ou relembrar alguns jogos do Intellivision, o site dispõe de três Intellipacks na forma de downloads gratuitos para PC e Mac.
Tratam-se de arquivos auto-executáveis – com três joguinhos cada – que dispensam o uso de emulador.
O meu favorito é o Intellipack 1 que contém os jogos ao lado, incluindo Utopia, um título original que alguns consideram o avô de todos os simuladores de cidades como SimCity ou Civilization com alguns elementos de estratégia em tempo real como Command & Conquer.
Nada mal, para um programa de menos de 8KB!
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