A escola da Fundação Bradesco em Campinas iniciou ontem (02/08) o uso do Classmate PC, o laptop educacional da Intel, em suas salas de aula. É a segunda etapa de um programa que começou no final do ano passado, quando 130 alunos e 5 professores da escola usaram 46 máquinas durante três meses para avaliar o conceito e aprimorar a ferramenta. Após um ano em prática em Campinas o projeto vai ser estendido, em uma terceira etapa, a todas as 40 escolas da Fundação, que já conta com 600 máquinas: 300 próprias, 200 doadas pela Intel e 100 pela Positivo, que monta o Classmate PC no Brasil.
As salas de aula foram equipadas com a tecnologia necessária para suportar os notebooks: dois roteadores wireless (802.11g, 54 Mb/s) e sistema de som. Algumas classes também tem uma lousa inteligente ligada a um projetor, que o professor pode usar para mostrar imagens, vídeos ou páginas da Internet para os alunos, além de transmitir automaticamente as anotações da lousa para os Classmate PCs. Os 33 professores da escola foram formados no programa Intel Educar e participaram de oficinas de capacitação nas soluções que compõem o pacote de software que acompanha as máquinas. Cada um tem seu próprio notebook (um modelo comum), equipado com software que permite monitorar, controlar e dirigir as atividades dos alunos.
A autonomia de bateria de cada Classmate é de cerca de 4 horas, e as baterias são recarregadas em armários “especiais” durante o recreio ou ao fim das aulas. Na escola de Campinas as máquinas estão sendo usadas em turnos alternados (manhã e tarde), portanto as crianças não as levam para casa. Elas foram projetadas para sobreviver a bastante abuso, mas após o piloto no ano passado os responsáveis pelo projeto notaram algo interessante: as crianças cuidam muito bem dos notebooks, como se fossem seus. As menores chegam até a se afeiçoar pelas máquinas, e com todo cuidado as colocam “para dormir” no armário no fim de cada dia.
As máquinas estão sendo usadas como um complemento, e não um substituto, das atividades tradicionais. Durante minha visita, por exemplo, os alunos estavam participando de uma tarefa de literatura dividida em duas partes: a primeira consistia na leitura e interpretação de um poema de autoria de Pedro Bandeira. A segunda, usando o Classmate, consistia na pesquisa de informações sobre o poeta na internet (usando sites de busca e fontes sugeridas pelos professores) e na criação de um “poema multimídia”, usando como ferramenta o Powerpoint[1]
Pelo que vi durante a tarde desta quinta, a aceitação do Classmate PC entre as crianças é muito boa. Não é surpresa que algumas digam que preferem estudar no notebook ao método tradicional com quadro e livro. Muitas não tem computador em casa, e a máquina da Intel é seu primeiro contato com o mundo da informática e a Internet. E elas aprendem muito rápido: a turma mais experiente usava com desenvoltura navegador (Firefox), editor de textos (Word) e ferramenta de apresentações (Powerpoint). E quem ainda não “pegou o jeito” da coisa não fica para trás: as crianças são rápidas em ajudar o coleguinha do lado a resolver um problema.
Independente do sistema operacional que roda nas máquinas, ou mesmo da plataforma utilizada (Classmate ou XO), a idéia de levar a informática para dentro da sala de aula é extremamente poderosa. Os computadores não substituem o professor, mas são uma ferramenta para que ele, devidamente capacitado, possa apresentar melhor o conteúdo e incentivar os alunos a participar do processo de aprendizado, em vez de serem meros “robozinhos” que decoram e regurgitam o que é mostrado no quadro. E quando as crianças participam, elas aprendem mais e tomam gosto pelo aprendizado. E isso faz toda a diferença.
Há mais fotos das máquinas, estudantes e do Intel Editor’s Day como um todo no Flickr. Mais imagens, títulos e comentários seguirão ao longo do dia 😛
[1] Os defensores do Software Livre não precisam se preocupar, também existe uma versão do Classmate PC com software Livre (Linux), baseado em uma distribuição da Metasys. Fica a cargo da escola escolher a solução mais adequada para suas necessidades. A Fundação Bradesco escolheu equipar suas máquinas com o Windows XP Pro e softwares da Microsoft.
Eu acho super bacana essa ideia dos pcs na sala de aula. hoje tive contato com um classmate e achei muito bacana, inclusive era uma versão com o metasys. Achei ele bem resistente, leve, pequeno, tao facil de carregar quanto um caderno, e melhor, em um unico espaço ter todos os livros didaticos ao invés daquelas mochilas de camping como eu carregada quando criança.
Só acho problema iniciar as crianças com software proprietario, isso pode causar “problemas” futuros. Acredito que mesmo utilizando um Windows XP da vida, a plataforma office deveria ser livre.
Fred,
Como disse, a escolha do software que vai equipar o Classmate fica por conta _da escola_. Não há nada que impeça uma escola de usar o Windows mas rodar o OpenOffice, embora eu nunca tenha visto isso. Talvez até por questão de consistência, a tendência é puxar para os extremos: ou tudo Microsoft, ou tudo Software Livre.
Acho que por ser uma fundação ligada a um banco, os acordos desse banco com a MS pesaram na escolha do Win como sistema operacional. Acho que as crianças devem aprender a usar os dois sistemas, para que no futuro não dependam de nenhuma delas, mesmo eu preferindo o Open Source. Nas escolas públicas vai ser usado Linux por uma diretriz do Governo Federal. Acho que o intercâmbio entre as duas realidades pode ser de grande proveito para todos. Enfim começa a educação no Brasil.
Cursei o 2º grau em Técnico em Eletrônica nessa mesma escola em Campinas, acho interessante o uso do computador no auxÃlio à aprendizagem, porém desaprovo integralmente o uso do sistema Windows na educação, pois o sistema Windows é muito probre em aplicativos, não promove interação entre o estudante e o sistema além de ser frágil a pragas virtuais. Além disso, ainda pode formar profissionais que serão denpendentes do Windows, aumentando assim a base de clientes da Microsoft.
Não concordo com essa de ‘não importa se é XO ou Classmate, se é Open Source ou Windows’. Se for verba pública, tem que ser bem administrada pra n~çao ser gasta com furo n’água. Vide o OLPC – Uruguai até já tinha assinado o pedido. A experiência de uma criança realmente não faz muita diferença nessa faixa etária, mas se for grana pública, repito, o papo muda. Tanto é que o Bradesco onde se preza gasto bem feito, optou pelo que optou. Já funcionalismo público, quem paga as incompetências e produtos de ideologias é a viúva mesmo… afeta as crianças sim, na medida que maus investimentos diminuem recursos para uso em outras coisas – como p.ex. merenda e estrutura.