(pausa na nossa programação-atolada-cheia-de-coisas-na-fila e parada-porque-estamos-cheios-de-projetos-yay!).
Ontem eu escrevi um textão (nem foi tão textão) no Facebook sobre o Uber. Sim, taxistas fizeram o esperado: protestaram, reclamaram, só chamaram mais atenção para a questão do Uber e da economia compartilhada.
Alguns amigos reclamaram, outros complementaram a lista. Achei que valia reproduzir, completar com alguns comentários e ampliar o debate por aqui.
Eu gosto do Uber, mas uso vários tipos de transporte porque:
– Não tenho carro e não quero ter (minha CNH venceu em 2007 e nunca renovei). Só de pensar em dirigir nesse trânsito me dá preguiça.
– O transporte público em São Paulo me atende razoavelmente bem. Ando bastante de metrô.
– Uso muito táxi em corridas curtas (casa pro metrô, metrô pra casa). Sim, táxi em SP é caro e já peguei muito maluco no caminho (vide uma corrida no dia 4 de abril com um motorista que tentou FURAR uma blitz da PM, cheia de policiais armados. A desculpa dele foi “achei que eles estavam apenas checando por estepes dos carros”. Um ataque de pânico e muitas risadas depois, sobrevivemos). Ah sim, eu já vomitei num Uber e o motorista me deu um paninho pra limpar. Se fosse um táxi, o motorista teria surtado (lembrando que cidades como Chicago cobram 50 dólares de taxa de vômito). Sério.
– Não preciso andar com dinheiro no Uber, já que cobram direto no meu cartão de crédito. Não tem bandeira 2 à noite também nem 50% de ida pro aeroporto de Guarulhos. R$ 150 pra ir a GRU, R$ 150 pra voltar eu compro uma passagem na Gol pra qualquer lugar do Brasil, saindo de Congonhas. Não faz sentido (assim como não faz sentido não existir transporte de massa como um trem até o principal aeroporto da cidade, mas isso é outra história).
– Andar de Uber, táxi, ônibus e metrô: sai mais barato que ter um carro nessa cidade louca. Cada hora tem sua necessidade. Como disse lá em cima, barulho de taxista só ajuda o Uber a ficar mais conhecido – e lá fora tem o Uber Taxi, exatamente pra isso – e funciona como um app de táxis (ei, Uber, libera o serviço aqui e não cobra taxa do motorista por um tempo, vai?). Não gasto R$ 300 de transporte por mês (viva o home office!). É menos que um estacionamento mensal na Vila Olimpia. Ou parcelas de IPVA, seguro, gasolina.
– Uber é igual a qualquer empresa de transporte executivo, que não consegue funcionar em SP porque os taxistas não deixam – e todas têm sede em Osasco, Barueri e cidades no entorno da capital porque a regulamentação e legislação locais são antigas. Uber legalizado significa mais opção de trabalho e opção pro passageiro. Uber não é para todos – tem uma barreira de cartão de crédito, e se em 2015 tem gente com medo de usar cartão de crédito na web, por que não teria de usar no smartphone.
– Usa quem quer – não é porque uma nova tecnologia chega e as outras são extintas. O rádio não sumiu por causa da TV. Nem os jornais (errr) por causa da internet. Vale o ótimo exemplo dos apps de táxi: deu um golpe nas cooperativas que prestavam um péssimo serviço telefônico (argh) e ajudou a fomentar um mercado enorme de taxistas independentes que aceitam cartão.
– Tem um momento “lenda urbana” que Uber é inseguro e que o motorista vai te sequestrar/roubar. Pelo menos se alguma coisa no Uber acontecer, eu notifico a empresa direto. E o táxi pirata que você pega sem saber num dia de chuva, reclamo pra quem? No caso do meu táxi-invasor-de-blitz-da-PM, eu notifiquei (e recebi resposta, obrigado!) da 99 Taxis. Táxis na rua são tão vulneráveis quanto, no meu ponto de vista (por isso só pego no app mesmo).
– A questão do atendimento Uber precisa acender a luzinha na cabeça dos taxistas: amigos, vocês nos ajudam, mas nem sempre queremos falar mal do trânsito-tempo-prefeito-ciclovia-seus preconceitos-da vida. Não precisa abrir a porta, mas ser mais humano no tratamento – ajustar o banco, sorrir um pouco, entender que nem sempre o passageiro quer falar, ligar o ar-condicionado num dia quente.
Em tempo: a Prefeitura de São Paulo parece ser a favor do Uber.
Regulamentar o serviço só vai aumentar as possibilidades para todos, de taxistas a passageiros (e duvido que com menos de um ano os taxistas de SP tenham tido uma queda no faturamento: ande de táxi na cidade, comente do app e só ouça elogios aos 99Taxi e Easy Taxi, que aumentaram e muito a demanda por corridas. Também duvido que existam 1.200 carros Uber na cidade, como andam dizendo os sindicalistas).
É isso
(e, sim, eu falei do Uber no Jornal Nacional como consumidor satisfeito que usa o serviço e, bem, fui bastante editado! :))
Deve ter falado por meia hora na entrevista e virou 10 segundos hehe, mas é isso mesmo, acho o Uber muito bacana e assim como Airbnb, essa coisa mais direta vem com força pra substituir estruturas rígidas e caras como táxis e hoteis.
complementar é o conceito, Juan. tem momento que você precisa de hotel e táxi, tem momento que pode ser um quarto no airbnb e um uber
É, “substituir” não é o termo certo, falo no sentido de produto substitututo, você pode optar por um ou outro, é mais concorrência e opção pro consumidor.
Acho que o movimento de taxistas vai diminuir? Sim, muitos devem até se tornar motoristas do Uber. Não vai ser a primeira categoria a perder uns postos por causa do avanço da tecnologia.
bingo
henrique, sei que vc testou o moto maxx, o auto falante dele trepida muito quando aumenta o volume de video ou musica, ou o meu que ta com defeito>
obrigado
acho que o seu tá com defeito 🙁
estava comentando isso com um cara ontem. o conceito de serviços como o Uber é ótimo. Eu uso muita carona para ir e vir entre Tapera e Passo Fundo, cerca de 80Km. Aqui em Passo Fundo não gosto de usar carro, justamente por causa do transito caotico (isso numa cidade com menos de 200k de hab). Pretendo fazer uma carteira de moto só para viajar.
Mas voltando ao Uber…, a ideia é boa, mas mal executada em muitos lugares. É como tentar abrir um restaurante sem cumprir leis ambientais e sanitárias. Existem legislaçoes sobre transporte publico e táxi. Não dá apenas para pegar um carro e sair fazendo corridas. Esse tipo de polêmica já ocorreu em várias cidades do mundo e muitas ainda proibem o Uber.
Mas espero que as prefeituras comecem a ver isso como uma opção de transporte.
Vamos ver no que vai dar essa treta aí.
Acho que já viu meus comentários em outros lugares, Henrique, então vou aqui me concentrar em alguns fatores.
– Quanto ao atendimento por um taxista x atendimento por um motorista do Uber, acho que isso é mais fácil de se resolver do que parece. Em redes sociais, poderia fazer movimentos para mudar a cultura dos taxistas e justamente fazer eles atenderem melhor. Vou a propósito falar isso com meu irmão (Que eu saiba, ele atende bem, não há reclamações) e até indicar este texto para ele.
A diferença de atendimento não me parece uma desculpa plausível, uma vez também que apesar de ser um serviço novo, o Uber depende mais dos seus “contratados” (terceirizados) que de si mesmo. E apesar do seu bom atendimento, pode ser que exista casos de mau atendimento por outros. Sim, o Uber (assim como qualquer app de indicação / terceirização) excluí profissionais mal portados.
– Como dito pelo Rafael, o pior problema do Uber é a má execução nos bastidores. Não é “chegar sem lei” e esperar que a lei venha ao grupo. Mas sim aproveitar-se das leis para poder fazer um serviço funcional. Por que o Uber não chegou em SP como táxi executivo também? A tarifa, salvo engano, por ser um pouco maior que táxi comum, poderia ser considerada para veículos executivos.
Outra questão no fator lei é a parte de impostos e regulamentações. Pode-se reclamar do que for, mas para ser taxista, se faz um curso (acho que é entre 400 a 700 reais) e se retira uma licença ( o Condutax), renovável anualmente. Se a pessoa anda sem este tipo de licença para fazer um serviço de táxi ou equivalente, o veículo é apreendido e a multa é altíssima. O risco que se tem com um motorista com Uber não é diferente de andar com um táxi pirata. – Isso também mostra o problema sério que temos sobre fiscalização no país.
Claro que isso tudo é burrocracia. Mas ao que noto, burrocracias existem pois algo no passado criou aquela metodologia. Se o curso de taxista hoje é inválido e a burrocracia é desnecessária, o que se fazer então?
Nota-se um detalhe: caso o Uber se regularize, deve se atentar como vai ser regularizado (táxi excecutivo ou comum) e com isso, não duvido que os valores para o app aumentem.
– Quanto ao conforto, valores e tecnologia, isso é difícil de achar razões contrárias e gera ganho de razão aos motoristas do Uber.
– Há um texto do Pedro Burgos que ataca a questão da “terceirização”. O app em si nada mais faz que terceirizar um serviço de transporte para qualquer pessoa que atenda a condição exigida do app. Em um primeiro momento, o profissional a serviço do Uber se maravilhará com os recursos e ganhos. Mas com o tempo, o aumento da concorrência, a fiscalização mais pesada (ou mudança para uma regularização – esta que exige custos), o custo ficará maior para o condutor – e para o passageiro também. Com o tempo, mais e mais regras serão colocadas e no final, o Uber acabará como mais um táxi executivo oficial por aqui… ou não ficará devido a justamente problemas causados pelos aumentos de custos em manutenção do serviço.
Sobre táxis comuns, alguns detalhes extras: há poucas licenças disponíveis para justamente evitar excessos. Claro que há um problema quanto à distribuição de veículos nas ruas, deixando lacunas de não-atendimento (isso acho que os apps de táxi ajudaram em partes a resolver). Porém, não é colocando mais carros de baixa capacidade nas ruas que vai resolver, até pelo contrário, pode gerar mais é congestionamentos.
Outra questão é que hoje, qualquer serviço público, incluí transportes, é licitado. Ou seja, devo entrar em uma disputa de licitação para entrar com um serviço a ser prestado. Táxis hoje estão inclusos, tanto é que há acho que uma conversa na justiça, que diz que algumas licenças se mantém, mas a emissão de novas licenças devem entrar como licitação. E isso entra também em regras que a prefeitura pode colocar, como tipo mínimo de veículo exigido, condições do veículo, opcionais (ar condicionado, banco de couro – não vejo este último como algo relevante).
Ao que noto, o serviço de táxis em SP é concentrado na mão de algumas cooperativas e de frotistas.
sendo bem sucinto, existe clientela para todos os serviços: Uber, Taxi executivo, taxi de cooperativa, taxi comum, metrô, ônibus, van pirata, etc.
O que não se pode é impedir a evolução por corporativismo ou proteção de mercado.
Como diria uma banda de rock: “do the evolution, baby”.
Olhando pelo outro lado, meu cunhado é taxista, e ele não gosta de usar aplicativos (easy ou 99 taxi) pois tem medo de quem pode fazer a chamada – o aplicativo ser um chamariz pra assalto, pois o taxista vai ter minimamente um smartphone.
E tem os dois lados financeiros, enquanto ele paga taxas pra prefeitura, tem desconto no IPVA/ICMS na compra de veículo pra trabalhar – os Ubers não tem taxas, mas tb não tem desconto.
Sobre segurança, pelo contrário. O Easy Táxi e similares ajuda justamente a evitar assaltos, uma vez que ambos os lados na chamada são identificados. Meu irmão usa e e ao que noto, ajuda bem e dá uma sensação de segurança melhor. Salvo engano, qualquer app de táxi você tem identificação de dupla via. O passageiro sabe quem é o taxista e seu “status”, e vice-versa. A não ser que ele realmente já tenha sofrido assalto por ter usado um app – neste caso, como citado pelo Henrique no caso do Uber, bastaria acionar o EasyTáxi para ir atrás de quem o assaltou.
já peguei taxi no 99 que era um carro no app e outro na vida real. ‘é que peguei carro novo e não troquei ainda’, foi a desculpa. e aí?
Apesar da troca do veículo, o motorista era o mesmo? Se sim, o importante aqui é a identificação de ambas as partes. A não ser que já exista casos comprovados de “fakes”, seja no 99, Easy, Uber ou similares. E como consequência também, casos de roubos e similares. A não ser que isso seja ocultado pela RP dos apps, até agora não há notificações de casos, ao que noto.
O que digo que vale é identifcar a pessoa. Claro que carros diferentes, a gente desconfia. Mas digo identificar o motorista. Para isso a documentação. A propósito, pelo que me lembre, para táxis em alguns lugares, é obrigatório a exposição dos dados do motorista em local visível (não sei como está em sp, depois pergunto 😉 )