Dá para mexer em time que está ganhando? Para a Sony sim: os fones de ouvido WH-1000XM4 seguem sendo os melhores com cancelamento de ruído ativo do mercado, agora com poucos (e úteis) recursos novos.
Mas se você tem a versão anterior, não se preocupe: ela segue incrível.
Sony WH-1000XM4
Ao tirar os Sony WH-1000XM4 da caixa, tive a velha sensação de “conheço isso”. À primeira vista, os fones são iguais ao modelo anterior, os Sony WH-1000XM3. Mas não são: a Sony fez pequenas mudanças estruturais que deixam o fone ainda mais confortável e com novos recursos úteis, como conectar a dois aparelhos ao mesmo tempo (notebook e smartphone, por exemplo), alternando som entre eles.
Usando os fones por quase quinze dias, chego a uma conclusão dupla para a pergunta “eu compraria um Sony WH-1000XM4?”
- sim: se não tenho nenhum fone com cancelamento de ruído ativo em casa.
- talvez: se já tenho um WH-1000XM3 – a qualidade sonora é praticamente a mesma e, pensando bem, as novidades são pequenas melhorias que não justificam a troca. Esperaria uma possível versão XM5 em 2021 para fazer a substituição.
Mas um fato é muito interessante: o WH-1000XM3 (lançado no fim de 2018 lá fora e que chegou ao Brasil em 2019) sai de linha e a Sony diz que é líder no mercado de fones premium no país e que vê o comprador do modelo anterior investindo em um XM4.
E ter fones com cancelamento de ruído tem um valor imenso em tempos de pandemia e home office: eles te isolam do mundo ao redor, por mais caótico que seja seu ambiente doméstico.
- concorrentes do Sony WH-1000XM4: Bose 700, Bose QC35, Beats Solo Pro, Bowers Wilkins PX7.
Design
O desenho do WH-1000XM4 é muito muito muito parecido com o do modelo anterior, com pequenas modificações. A primeira é o sensor dentro da concha esquerda, que pausa a música em reprodução quando você tira os fones do ouvido.
O formato circumauricular encaixa bem nos ouvidos – a Sony também mexeu um pouquinho no formato das conchas, deixando-as (pelo menos para mim) com encaixe perfeito nos ouvidos e a percepção de um aparelho mais leve que o anterior – por conta da mudança na curvatura do arco superior (mais sobre isso adiante).
Na base das conchas temos inúmeros microfones usados para o cancelamento de ruído e reconhecimento de voz (a Sony não diz quantos tem no total). No lado esquerdo, o botão de liga/desliga/pareamento e um customizável (via app, para ativar o cancelamento de ruído ou seu assistente digital favorito, Alexa ou Google)…
…e o conector do adaptador com fios (3,5 mm), para quem prefere usar o fone à moda antiga.
Na concha direita, um indicador LED e o conector USB-C para recarga da bateria. Dez minutos na tomada dão cerca de cinco horas de reprodução de música. A Sony diz que o XM4 tem até 30h de duração de bateria, e nesse período que estive com os fones, tive que recarregar apenas uma vez o equipamento.
As hastes são bastante flexíveis, expansíveis e trazem um discreto indicador do modelo na lateral.
E, como o modelo anterior, o XM4 é bem flexível para guardar na caixa de transporte, que para mim parece igual à do modelo anterior. Diz a Sony que o case é um pouco mais rígido que o do modelo anterior, mas confesso que não percebi muita diferença.
O case vem com o cabo extensor 3,5 mm, um cabo USB-A para USB-C para recarga da bateria e um adaptador para plug duplo de sistema de entretenimento de aviões.
O que tem de novo:
- A concha direita tem maior sensibilidade ao toque para trocar de música, aumentar volume, pausar reprodução.
- Reconhecimento de voz: o XM4 aprende sua voz (graças a uma inteligência artificial integrada) e toda vez que você fala com alguém, não precisa tirar o fone: o XM4 pausa a música e retoma alguns segundos depois. É, das novidades, a mais legal para usar. No XM3, você precisava tirar o fone para conversar ou colocar a mão sobre a concha direita para reduzir o volume e entender o contexto.
- Reconhecimento de local: é algo que não consegui testar por causa da pandemia e não saí de casa com o XM4. Em teoria, os fones aprendem (de novo, via IA + geolocalização usando o smartphone) seus locais favoritos e ajusta o som de acordo com o ambiente (cancelamento de ruído para o escritório, som ambiente para andar na rua, por exemplo). É um avanço no que a Sony chama de Controle de Som Adaptativo.
- Conexão com dois aparelhos simultâneos: ainda precisa de ajuste, mas é excelente pausar a música no notebook para atender chamada no smartphone. É o recurso novo que é mais útil entre os demais.
- E a já citada pausa automática da música/podcast ao tirar o fone esquerdo do ouvido.
- A Sony manteve o processador QN1 do modelo anterior. Diz que, mesmo assim, os fones são 15% mais eficientes em relação ao XM3 na redução de ruído (com uma análise de 700x por segundo do som ambiente para gerar a onda reversa e cancelar o ruído ambiente).
- Teve uma melhoria no chip Bluetooth também: ele conecta muito rápido ao aparelho mais próximo.
Qualidade do som/cancelamento de ruído
O Sony WH-1000XM4 tem drivers de 40mm – o mesmo tamanho do modelo anterior. A qualidade do som não muda muito, e mantenho o que disse sobre o XM3: graves decentes (menos exagerados que o Beats Solo Pro), médios envolventes, uma experiência sonora muito agradável, me ajuda na capacidade de separar camadas e instrumentos mentalmente.
A fabricante usa o DSEE Extreme (Digital Sound Engine), um software que faz melhoria (upscale) na qualidade do som, principalmente de arquivos MP3 com qualidade menor. Uma das críticas iniciais ao XM4 era a falta de compatibilidade com codecs aptX e aptX HD, mas a Sony diz que o DSEE Extreme consegue ser melhor que esses dois codecs. Algo que não consegui testar agora foi o áudio Hi-Res (minha assinatura do Tidal é padrão e não tenho acesso ao recurso).
O cancelamento de ruído no ambiente doméstico é muito bom. Tive que usar o recurso de reconhecimento de voz ou pausar a música toda vez que alguém vinha falar comigo – simplesmente porque não ouvi me chamarem (viva a produtividade).
Por razões óbvias, não consegui usar o XM4 em um ambiente ideal (dentro de um avião), mas consegui testar em algumas situações barulhentas em casa – com o aspirador de pó ligado (segui ouvindo música sem problema, mas com um leve zumbido ao fundo, como se estivesse em um Boeing 777 cruzando o planeta). Outro teste simples – e relativamente barulhento: liguei o ventilador do escritório (um modelo de piso, que faz um barulho razoável).
O cancelamento de ruído me fez sentir apenas o vento vindo, sem ouvir o barulho do motor – de qualquer forma, em situações de vento forte, o app Sony Headphones Connect permite um ajuste fino para vento (fica logo após o cancelamento total de ruído).
Comparando com o WH-1000XM3
Lado a lado, o Sony WH-1000XM4 (preto) é quase igual ao Sony WH-1000XM3 (prata). São pequenos detalhes no design das conchas, quase imperceptíveis, e uma modificação muito sutil no arco superior do novo modelo, dividindo o peso melhor sobre a cabeça (dá para perceber isso em uma das fotos abaixo) e deixando o XM4 um pouco mais confortável. O material novo da caixa de transporte do XM4 também é difícil de diferenciar do XM3.
Aplicativo
O Sony Headphones Connect é o mesmo app companheiro do XM3. Ao conectar os fones pela primeira vez, já veio uma atualização de sistema. O app se divide em três partes:
- Status: com informações do Controle de Som Adaptativo (precisa de um ajuste de tradução ali: o “aguardando” significa que estou parado/sentado no mesmo lugar), dos dispositivos conectados e um controle da música em reprodução.
- Som: com ajustes do controle de som ambiente (automático ou manual), otimizações do cancelamento de ruído, equalizador, controle do DSEE Extreme, configurações do áudio 360 (algo também disponível em poucas plataformas de streaming).
- Sistema: com controles gerais do fone, customização do botão CUSTOM (pode ser usado para Alexa/Google Assistente também), do sensor de toque, atualização de software.
Uma novidade que percebi é a capacidade de fazer backup das suas configurações para uma nuvem da Sony e restaurá-las em um novo fone.
Sony WH-1000XM4
O que é isso? Fone de ouvido sem fios com Bluetooth e cancelamento ativo de ruído.
O que é legal? Qualidade do som, cancelamento de ruído é excelente, acabamento do produto, conector USB-C para recarga rápida.
O que é imoral? Nada. Sério. Não tem o que reclamar.
O que mais? O aplicativo Headphones Connect complementa a experiência com ajustes personalizados de som. O preço está maior que a versão anterior, mas o dólar subiu, afinal – e mesmo assim a Sony lançou o produto de forma simultânea ao exterior.
Avaliação: 9,5 (de 10). Entenda nosso novo sistema de avaliação
Preço sugerido pela fabricante (e sujeito a mudanças): R$ 2.429,99
Onde encontrar: Sony
Eu pude experimentar um XM3, e achei realmente surreal. Infelizmente está fora do preço do que eu me disponho a pagar por um fone.
De qualquer maneira, IMHO acho completamente fora da realidade considerar trocas de fone desse calibre simplesmente pq saiu um modelo novo. Produtos periféricos para mim, como fone de ouvido, monitor, mouse etc, se eu compro um bom/caro, quero ficar anos usando.
Eu sou um tarado por eletrônicos em geral, mas tenho alguma dificuldade em aceitar a idéia de quem troca de celular, CPU e GPU todo ano. Agora mesmo considerar a troca de fone e outros periféricos (produtos que no geral são menos sujeitos a obsolência) todo ano, me parece um fetichismo além do razoável.
Gostei da foto do McLovin ! Pois é, como disse o Henrique, são novos produtos incrementais. Valem para o chamado buzz da imprensa especializada (geram conteúdo) mas não acrescentam muito ao cerne do dispositivo. O consumidor deve ter personalidade, mas o marketing, ah o marketing…., este sempre cuida de operar milagres e criar necessidades que nunca tivemos.
e aí o M3 sai de linha 🙁
Aí é como dizem, quem beijou, beijou (rs)
Tenho o M3 e os features do M4 não me animaram a troca. Quem sabe trocarei quando vier um M5 ou M6. Para mim o M3 ainda atende a todas as minhas demandas.
é o classico novo produto incremental. vamos esperar o M5…