Post atrasado, mas antes tarde do que nunca. Na quinta-feira tínhamos programada uma visita à fábrica da Samsung no complexo industrial de Gumi, a cerca de 350 Km de Seoul. O primeiro passo era chegar lá, e o meio mais rápido é o trem. Mas não um trem comum, um trem bala. Para ser mais preciso um KTX, a versão coreana do TGV francês. A viagem até a estação de Daegu, próxima a Seoul, demorou cerca de 2 horas, e a velocidade máxima atingida durante o trajeto foi de 300 Km/h nas retas. Em teoria, o trem chega até aos 350 Km/h. Chegando a Daegu, pausa para o almoço em um restaurante típico coreano. De barriga cheia, todos para o ônibus, mais meia hora de Daegu a Gumi.
Infelizmente, fotos são proibidas dentro da fábrica da Samsung. Na verdade fábricas, já que são duas, onde trabalham cerca de 12 mil funcionários. A fábrica 1 produz equipamento de telecomunicações, discos rígidos e sistemas para a indústria de defesa, e a 2, que visitamos, produz telefones celulares. 6 mil dos funcionários moram em dormitórios da Samsung, e tem acesso a benefícios como academia, cinema, convênios com universidades, planos de saúde, uma cafeteria gigantesca, etc.Uma curiosidade é que apenas funcionários solteiros podem residir nos dormitórios. Se pintar uma relação, o casal é remanejado de modo a não trabalhar no mesmo prédio/andar/linha de montagem. Se houver casamento, eles terão que achar um apartamento só para eles.Voltando à fábrica, a montagem de um telefone celular é dividida em dois passos: a produção das placas de circuito (PCB), e a montagem do aparelho em si. A primeira é feita em uma linha altamente automatizada, com quase 90% do processo na mão de máquinas. Humanos (sempre mulheres) apenas supervisionam o funcionamento dos equipamentos. O processo começa com a inserção da placa de circuito, vazia, em uma máquina, que aplica a pasta de solda. Em seguida, a placa passa por várias outras máquinas, que inserem os componentes, de chips a resistores SMD minúsculos. Os componentes entram na máquina em “rolos”, e são literalmente “grampeados” nas placas em alta velocidade, algumas máquinas são capazes de colocar 14 chips por segundo. Depois, a placa vai para uma máquina que faz o “refluxo”, ou seja, derrete a pasta de solda, prendendo os componentes definitivamente no lugar.
Daí a placa segue para uma indústria terceirizada, que insire placa, teclado e tela LCD na parte da frente do gabinete. Esse “meio” telefone volta para a fábrica 2, onde mulheres em uma outra linha de montagem colocam botões, conectores e afins. Depois, os aparelhos recebem uma bateria e entram em uma série de testes, de LCD, chamada, Bluetooth, IMEI (identificador único de cada aparelho) e câmera. Os telefones aprovados são empacotados e vão para o estoque. Os rejeitados vão para um centro de diagnóstico e reparos, e voltam para a linha de montagem até estarem OK para comercialização.
Aqui a quinta termina. Pegamos o ônibus de volta para Gumi, uma viagem de três horas e meia por estradas muito boas e bem sinalizadas, apesar de bastante movimentadas, especialmente nas proximidades de Seoul. Foi o último dia de visita oficial à Coréia, sendo a sexta-feira reservada para um City Tour.