Estava eu pensando em maldades no mês passado quando o pessoal da SAP me mandou um e-mail com convite para cobrir um evento em Orlando (mais sobre isso em breve). Respondi “sim, mas dá pra ir de United?“.
Não só deu pra voar United como conhecer o novo Boeing 787-8 “Dreamliner” que faz a rota São Paulo-Houston todos os dias desde abril.
Aviso: eu sou fã da Boeing. Já conheci o Museum of Flight (numa época que ninguém tinha smartphone) e o Future of Flight (também conhecido como “o grande tour na fábrica da Boeing numa era que todos têm smartphone, mas ele precisa ficar trancado no armário”) em Seattle. E tenho um monte de camisetas da marca 🙂
Na fábrica, cheguei a ver os primeiros 787 em produção (foi em 2011) e estava ansioso para voar em um. Foi no último domingo (meu voo de volta é amanhã, 8/maio, e se encontrar algo diferente, atualizo esse post). Voei de econômica, com assento Economy Plus, que tenho direito por conta de status Silver no programa Mileage Plus.
Este é um post sobre minha experiência no 787, não sobre engenharia, técnica ou outras nerdices relacionadas a aviões. Para isso, recomendo ler tudo sobre 787 no excelente Aviões e Músicas (oi Lito!) e se você tem curiosidade de ver como é voar o mundo em primeira classe/executiva, vale ler o OneMileAtaTime.
Cheguei cedo a Guarulhos (de Uber, claro). Já tinha feito o check-in online, passei pela segurança e imigração, entrei no saguão do Terminal 3 de Guarulhos, comi algo pra enganar o estômago e esperei.
Nota mental: nos último ano o processo de fazer check-in em cias. americanas está cada vez mais simples – e a United tem todos meus dados armazenados no servidor. Antes não dava para fazer check-in para checagem completa de documentos no aeroporto, agora está mais simples.
Cerca de uma hora (~20h20~) antes da decolagem o embarque começou. Entrei logo e peguei o avião vazio ainda. Estava no assento 21D, no meio da primeira cabine de econômica. Pela minha altura (1,83m), prefiro sentar no corredor, quase sempre na fileira central do avião, sem precisar atrapalhar se quiser levantar no meio do voo. No 787, os assentos da econômica são organizados em três blocos de três assentos.
Primeira grande novidade: tem mais espaço para as pernas. Para comparação, se eu voo de econômica na TAM ou na Iberia, meus joelhos encostam na poltrona da frente e eu tenho que me contorcer se o passageiro da frente reclina o assento. Aqui não, mesmo se o colega da frente reclinar seu encosto.
O espaço entre poltronas na Economy Plus do 787 é maior que o de outros Boeing da United: o 787 tem espaço de 35″ entre uma poltrona e outra, contra 34″ do Boeing 777-200 que faz outras rotas da companhia (como SP-Chicago e SP-Washington, por exemplo). A diferença de 1″ a mais de seat pitch – a distância entre uma poltrona e outra – também ocorre nos assentos da econômica comum (32″ no 787 contra 31″ no 777).
Logo, voar no 787 é um pouquinho mais confortável para o passageiro. Os compartimentos superiores de bagagem também me pareceram ser maiores.
Segunda grande descoberta: a tela individual de entretenimento. É grande e de alta resolução (creio que 7″, não encontrei o tamanho/resolução corretos). Sensível ao toque e bastante brilhante – ao ponto de ter de reduzir o brilho quando as luzes se apagaram à noite.
Esse sistema de entretenimento da United tem uma grande vantagem: já começa a funcionar ainda com o avião no solo, então dá para começar a ver um filme (que pausa enquanto passam os procedimentos de segurança) e terminar depois do serviço de jantar, aproveitando mais tempo para dormir depois. Tem uma grande seleção de filmes novos (vi American Sniper, mas são mais de 150 filmes), um sistema de mapas, informações sobre o voo…
… informações sobre a United, um canal de vídeos de música (movido a Vevo) com muitas playlists e ajuda ao sistema, que tem 13 idiomas configurados, incluindo português.
Embaixo do monitor tem o conector de fone de ouvido e uma porta USB para recarregar seu smartphone/tablet.
Embaixo do assento, uma tomada, caso seja necessário ligar o notebook.
E algo importante: o monitor pode ser desligado – a Iberia tem um sistema similar nos seus Airbus A340 que voam para o Brasil e a tela liga simplesmente por qualquer movimento próximo (argh).
O 787 tem outra vantagem muito interessante: Wi-Fi a bordo. Não usei – queria dormir após um fim de semana corrido -, mas se você precisa trabalhar, o valor é razoavelmente aceitável para 9+ horas de voo. Para efeito de comparação, meu voo de conexão para Orlando (em um 737-900) de 2,5 horas tinha Wi-Fi por US$ 3,99 a hora (ou US$ 1,99/hora para dispositivos móveis).
Gosto de deixar a tela no sistema de mapas, que é bem completo com as informações de velocidade, altura, chegada estimada e a rota sendo feita.
Pelo mapa deu pra ver que fizemos um belo desvio de área turbulenta saindo de São Paulo (faz tempo que não pegava um voo que balançou tanto).
A comida foi… comida de avião (eu gosto, mas né…)
Grandes opções: carne ou frango, uma salada, um pão frio com manteiga e um pudim de sobremesa. Pedi a carne, que veio com um bom molho (na medida do possível) acompanhado de polenta (algo que nunca tinha visto num avião e estava boa) e abóbora (algo que pra mim deveria existir somente em doces).
Mesmo com a bandeja aberta, muito espaço à frente:
E para beber (depois da suspensão de serviço de bordo por causa da turbulência), a única e melhor bebida feita para aviões: Ginger Ale (e eu sei disso antes do Oatmeal fazer o post)
Tá, Henrique, você gostou do espaço extra, do entretenimento e nem tanto da comida. O que tem de tão legal no 787? Três coisas, eu digo:
1) O silêncio: voando, quase não se ouve as turbinas. O 787 é MUITO silencioso e você ouve mais o barulho do ar-condicionado quando está voando (pelo menos foi essa a minha impressão).
2) O ar/pressão: o 787 tem um nível maior de umidade do ar (15% contra apenas 4% em outros Boeings). Na prática, você respira melhor e fica menos cansado após o voo – o que é ótimo. Eu tenho sinusite crônica e sempre fico com o sistema respiratório ressecado ao voar. A sensação foi melhor ao sair do 787. A pressurização interna é equivalente a 1.800 metros contra 2.400 metros de outros aviões, o que também ajuda a reduzir a sensação de cansaço.
3) A iluminação ambiente: o 787 é todo iluminado por LEDs, e as comissárias ajustam a iluminação do ambiente de acordo com o momento – de luz branca no embarque/desembarque, um leve azul durante a noite, “sol nascendo” antes do café da manhã e por aí vai. É simplesmente bonito. Até o banheiro, ao abrir a porta, é iluminado por azul para não incomodar os demais passageiros. A luz branca só se acende quando você tranca a porta.
Bônus track: nem o banheiro escapou de inovações no 787. Além da iluminação colorida, a Boeing inseriu sensores para reduzir o contato com superfícies: a torneira é automática por aproximação (toque somente para mudar a temperatura da água)…
E até mesmo o vaso sanitário tem um sensor: aproxime a mão do “botão” azul e a descarga é dada automaticamente após poucos segundos. Infelizmente, nem a Boeing nem a United têm como impedir que os demais passageiros molhem o banheiro – e, claro, é um direito do passageiro que pagou cada suado centavo da passagem pisar no xixi dos outros usando somente meias durante a noite (eca).
Conclusão: eu adorei voar no 787 e é uma experiência nova para quem gosta de viajar de avião. É um modelo novo que chega ao Brasil e a United é a única com rota de 787 do Brasil para os EUA (LAN, Ethiopian e Avianca também voam o 787). Para o passageiro, é uma ótima notícia – e muito confortável, por sinal. Como disse lá no começo, volto pra São Paulo por Houston amanhã à noite e se encontrar algo novo no 787, atualizo o post.
Resumo: United Airlines, Boeing 787-8
O que é isso? Voo em Boeing 787-8 de São Paulo para Houston (3 de maio de 2015)
O que é legal? Iluminação LED colorida, umidade do ar, muito espaço entre assentos.
O que é imoral? Serviço da United a bordo é eficiente, mas ainda está longe do que as cias. aéreas da Ásia e Oriente Médio oferecem.
O que mais? Ótimo sistema de entretenimento, Wi-Fi a bordo.Avaliação: 8,0 (de 10). Entenda nosso novo sistema de avaliação.
Preço sugerido: depende da tarifa/data (minha passagem foi paga pela SAP)
Onde encontrar: United.com
Muito bom o review. E perceba que já em Goiania, você está a 40.000 pés em voo de cruzeiro, algo que é impensável em outros aviões, que só chegarão nesta altitude depois de voar muito tempo e consumir muito combustível para aliviar peso.
Henrique, já está funcionando em Guarulhos o novo sistema de identificação apenas com o Chip do passaporte?
E voar para Orlando via Houston? foi isso mesmo?
Então, sim, funciona, mas não o tempo todo. Só em horários de pico de imigração, pelo que entendi. Já peguei fila na imigração e estava fechado 🙁
sim, Orlando via Houston. Milhas, meu caro! 🙂
É muito bom mesmo. Voei o trecho São Paulo – Addis Abeba com a Ethiopian e gostei muito da experiência – o único inconveniente foi a escala em Lomé, no Togo.
Manda esse review pro melhores destinos tb =D
Olá! Tenho uma pergunta não relacionada ao voo, mas à imigração. Quando chega em Houston às 5 da manhã , a imigração já está funcionando? Demorou muito para ser atendido? Tenho um voo às 7:15 para CLT e estou com medo de não dar tempo. Desde já muito obrigado.