O mundo de review de smartphones funciona de um jeito interessante: em alguns momentos recebo o aparelho antes do lançamento, em outros depois.
Na linha Galaxy S21, a Samsung me mandou primeiro o modelo “de entrada” (que já é bom, apesar de esquentar) para a época que o smartphone chegava às lojas, e depois me mandou o Galaxy S21 Ultra, objeto deste texto.
Como S21, S21+ e S21 Ultra compartilham recursos – Android, interface, desempenho e hardware, não vou me alongar muito nisso – o S21 Ultra tem uma tela maior (e melhor) e câmeras melhores no conjunto da obra.
E com isso deu tempo de perceber as diferenças e chegar a algumas conclusões interessantes usando o aparelho nas últimas semanas (em paralelo com o Moto G100, um que “chegou antes”).
Design
A primeira conclusão, inesperada, é: se você tem um Galaxy S20 Ultra, troque pelo S21 Ultra. Vale muito a pena: o design é mais refinado (não que isso seja um fator de compra muito considerado no balcão da loja) e a câmera é muito melhor. Mesmo.
É incomum recomendar a troca de geração de um ano para outro – 2021 seria a hora de quem tem um S10/S10+ (de 2019) migrar de geração. Mas o uso do S21 Ultra me fez repensar – e fazer uma autocrítica: sim, o S20 Ultra foi superestimado.
Não deixa de ser um bom aparelho, porém não é um excelente aparelho como o S21 Ultra: a câmera adora errar o foco (apesar das atualizações de software), olhando em retrospecto o design não é atraente (algo muito pessoal, sei). Parece que os engenheiros tinham o S21 Ultra em mente quando projetaram o S20 Ultra, mas faltaram recursos – ou tempo para finalizar o projeto.
Uma coisa ambos compartilham: o tamanho exagerado. Pelo menos o S21 Ultra carrega um dos melhores designs da Samsung nos últimos anos (ainda sou órfão do Galaxy S7 Edge).
Destaque para a resistência do aparelho: na vida profissional quebrei dois smartphones de review (um Sony Ericsson e um Galaxy S5). Acidentes acontecem, afinal.
O S21 Ultra tem acabamento na frente e na traseira com Gorilla Glass Victus (teoricamente um dos mais resistentes no mercado) e, bem, derrubei o S21 Ultra no chão. Duas vezes ele escorregou de uma cadeira. Com a tela para baixo. Em menos de cinco minutos. Nada aconteceu além de um desgaste quase imperceptível na lateral esquerda (que mais parece tinta descascada).
Desempenho
É praticamente o mesmo hardware que o Galaxy S21, com melhorias. Mesmo sistema operacional/interface, mesmo processador (Exynos 2100), mais RAM (12 GB x 8GB) resultam em performance rápida.
Esquenta também, mas menos que o S21 e em uma área ao lado da câmera que, por ser um aparelho maior, mal dá para perceber ao segurar o smartphone. Bateria sem dúvida é melhor pela maior capacidade (4.000 mAH no S21, 5.000 mAH no S21 Ultra), dura um dia inteiro. E ao escrever este texto lembrei que o S21 Ultra vem sem carregador na caixa e usei o do S20 Ultra. Argh.
A Câmera
A câmera do Galaxy S21 Ultra é excelente – como a do iPhone 12 Pro Max. Foco rápido (tem até um “potencializador de foco” no modo automático), imagens claras e sem o clássico exagero-para-tons-avermelhados que são padrão em modelos mais antigos da Samsung. É uma incrível câmera de bolso.
Claro que, como no S20 Ultra, existe a questão do Super Zoom.
Vale lembrar que a câmera é quádrupla no S21 Ultra (108 megapixels na principal, 12 na grande angular, 10 na primeira tele de 3x e 10 na tele de 10x – sim, são duas lentes zoom) com 40 megapixels na frontal. A lente principal tem foco automático com detecção de fases (o que é uma ótima notícia) e, por isso, ativa a melhoria no foco.
O zoom de 3x é ótimo, o de 10x muito bom, mas passou de 50x ainda é uma brincadeira para impressionar os amigos. Em condições ideias de luz, o resultado final é melhor em 100x do que o S20 Ultra, mas realmente não vejo muita utilidade na função. As sequências abaixo mostram bem isso: ao aproximar muito, perde-se nitidez e aumentam os ruídos na imagem.
Mas o Super Zoom permite algo que eu adoro fazer: tirar fotos da Lua cheia (atualização de software permite ao S20 Ultra fazer isso também). E zero teorias da conspiração aqui: se existisse alguma espécie de banco de dados de imagens da Lua que a Samsung (ou a Huawei, que foi acusada de criar imagens falsas com o P30 Pro), ele precisaria ser acessado em tempo real – e eu tirei algumas fotos com o aparelho em modo avião, sem GPS ligado. Vale lembrar que iPhones não tiram fotos da Lua com facilidade, infelizmente.
E a Lua me leva ao modo noturno, que também é impressionante. A câmera grande-angular é muito boa para macro também, o que significa que dá para tirar… macros noturnas com o S21 Ultra. As fotos aqui falam por si.
com modo noturno sem modo noturno
E fotos dos gatos porque sim, para brincar um pouco de modo retrato – que agora tem novos modos de iluminação.
Tá, e a caneta S-Pen?
A grande novidade do S21 Ultra especificamente é o fato de ser o primeiro aparelho da linha Galaxy que não tem o sobrenome Note a ser compatível com caneta stylus (o que envolve histórias de que a linha Galaxy Note vai ser extinta ou adiada em 2021 ou substituída de vez pelos Galaxy Fold). E eu me esqueci disso 98% do tempo – mas testei com uma caneta Lamy compatível que tenho em casa e, bem, é a mesma experiência de um Note 20, sem lugar para guardar a canetinha.
Talvez – e aqui um talvez bem grande – quem comprar um S21 Ultra com a capa que já vem com a caneta (e deixa o aparelho um pouco mais largo) possa ter uma melhor experiência. Mas funciona, não tem o que reclamar aqui.
Eu compraria um?
Os Galaxy S entram na velha e boa categoria de “a Samsung não vai causar problemas e mudar radicalmente algumas coisas no telefone de uma geração para outra e a gente sempre vai indicar a compra”, então independente do modelo é uma boa aquisição. Gostei muito da câmera, design e da tela do aparelho, e é uma boa compra – ainda mais agora que o preço alto do lançamento em fevereiro já baixou um pouco. A falta do carregador na caixa me dói mais que a ausência dos fones de ouvido, porém.
O valor sugerido da Samsung para o Galaxy S21 Ultra é de R$ 9.499 para a configuração que testei (12 GB de RAM, 256GB de armazenamento), mas já dá para achar no varejo (e operadoras) por um preço na faixa dos R$ 7.000.
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