O Google Wave, pelo menos desde a primeira vez que ouvi falar do produto, me pareceu mais um agregador de caos à overdose de informações que temos/recebemos todos os dias. Um substituto para o e-mail, redes sociais, chat, imagens, vídeos, tudo em tempo real – a ideia é de que mais desordem estaria a caminho com o futuro lançamento do serviço.
Um papo rápido com Stephanie Hannon, gerente de produto Wave no Google, tirou algumas dúvidas.
Hannon fez uma completa (e longa) demonstração hoje de manhã para desenvolvedores brasileiros durante o Google Developer Day 2009. Falou do imediatismo do serviço, demonstrou recursos, plug-ins e robôs de terceiros integrados ao Wave, como ele funciona no celular e até mesmo o Wave dentro do nosso velho e bom Orkut (sim, isso está nos planos do Google). Mas e a desordem?
“Organização de informações é um desafio enorme”, diz a gerente. “Precisamos de um modo de gerenciar tanta informação. Uma alternativa é criar tags públicas numa “wave” (o nome para cada mensagem trocada no sistema). Aqui, estamos usando GDD, por conta do Google Developer Day, por exemplo. Mas podemos ordenar as informações usando pastas, buscas salvas, medir resultados pela relevância para conseguir funcionar. Mas ainda é um desafio”, afirma.
Relevância, como a maioria dos produtos do Google, é importantíssima para o Wave. Seu sistema de correção ortográfica não checa palavras em um dicionário, mas sim sua relevância na frase (desse modo, podemos escrever “caminho dos índios” e o Wave “entende” que estamos falando da novela “caminho das índias”, isso automaticamente).
O fato é que o Wave ainda está longe do lançamento oficial. Aberto no mês passado em um beta fechado para desenvolvedores durante o Google I/O, Hannon conta que o produto levou dois anos para tomar forma nas mãos de uma equipe formada por uma média de 50 pessoas, a maioria engenheiros, todos baseados no escritório da Austrália. “Lançamento? Vai ser ainda este ano. Pense que um serviço do Google tem de ser feito para milhões de pessoas usarem. Tem de ter escala, muito teste, e agora é a hora dos desenvolvedores nos ajudarem com o uso da API do produto”, comenta.
O futuro do Wave, entretanto, pode revelar grandes novidades: chats com áudio e vídeo, integração com sistemas de mensagens instantâneas e outras redes sociais, como o próprio Orkut, com um “embed” do Wave dentro da página do site, compartilhar calendários, arquivos MP3, documentos de texto. “Queremos fazer isso, no futuro”.
“Empresas também são um desafio”, diz a gerente. O Wave tem um recurso de “federação” que permite a outras companhias rodarem seus próprios “Waves” dentro dos seus servidores, compartilhando dados com “Waves” públicos, como o do próprio Google, usando o mesmo protocolo. “O Wave tem um potencial enorme em aplicativos de fluxo de trabalho”, afirma. Imagine o sistema integrado a um Google Docs, por exemplo. “Outros passos futuros incluem integrar e-mails em um ‘wave’ mesmo quando a pessoa não usa o Wave.”
Ah, sim, Stephanie, mas o Wave pode vir a substituir o Gmail (ou o e-mail) algum dia? “Se formos bem-sucedidos, quem sabe em dez anos. Wave ainda é uma ferramenta de comunicação suplementar, temos tempo ainda. Ao migrar para o Wave, os usuários irão perceber que a mensagem é o mais importante”. E vai fazer dinheiro em algum momento? “Bem, o Google é uma empresa que preza pela inovação, e é o que estamos fazendo agora. Afinal, servidores e a infra-estrutura tecnológica custam dinheiro de verdade. Vamos implementar algo no futuro, agora a experiência do usuário é mais importante”, conclui.
Como fã dos produtos Google, confesso que estou ansioso para usar mais este!
Lex Aleksandre
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