iPhone 12 Pro Max
Falar de iPhones, para mim, é uma tarefa satisfatória e difícil ao mesmo tempo. Eles entram na categoria única de produtos que a chance de serem ruins/problemáticos é ínfima e são recomendáveis de forma automática, mesmo antes de chegar às mãos do consumidor (e eu quase nunca escrevi reviews pessoais de iPhone, mas colaborei com vários para o Link, por sinal).
Amazon Kindle são produtos assim, os Samsung Galaxy série S/Note chegaram lá também – para ficar em poucos exemplos. E por conta de velhos tempos com dólar mais baixo, sou consumidor Apple desde 1999. É a marca que eu uso todo dia praticamente na minha vida profissional (tirando os PCs das redações, claro).
E existe o frenesi midiático em torno da marca que, confesso, sou parte e também envolvido por ele. Tim Cook não pode dar um passo para a frente que sai na imprensa, blogs, YouTube. Tanto que a fábrica de rumores para um próximo iPhone em 2021 segue a todo vapor (mesmo com o 12 tendo sido lançado… agora!). Basta colocar qualquer nome de produto da Apple na chamada da newsletter que ela vai ser a mais lida do mês (vide a última edição, sobre AirPods Max) – quiçá do ano. Enfim, divago.
Estou usando o iPhone 12 Pro Max como aparelho principal desde um pouco antes do lançamento no Brasil, no começo de novembro. É curioso voltar ao iOS depois de um tempo de Android (até então, meu aparelho principal era o Galaxy S20 Ultra): tem coisas novas-que-eram-velhas no Android, como os widgets. Tem um novo modo de organizar apps em Biblioteca que ignorei (sou o doido das pastas e gosto de uma tela principal apenas, independente da plataforma).
E tem a velha e boa integração entre produtos Apple (sejam os Powerbeats Pro que alternam sem esforço entre iPad, Macbook Pro e iPhone ou a continuidade de navegação e senhas integradas no Safari entre iPhone e Macbook, para ficar em um exemplo).
Sigo prático em relação aos widgets nas duas plataformas: se traz algo importante, vou usar – seja a previsão do tempo ou a quantidade de bateria no telefone/Apple Watch/fone de ouvido sem fios conectado no momento (independente da marca).
Hardware
Os quatro modelos de iPhone 12 (mini, 12, 12 Pro, 12 Pro Max) vêm com o processador Apple A14 Bionic, um SoC de 5 nanômetros com CPU, GPU e Neural Engine (para aprendizado de máquina). Os modelos Pro se diferenciam pela câmera extra (zoom) e o novo-e-incrível LiDAR, mas como estou com o Pro Max, vou falar dele apenas.
A tela OLED de 6,7″ é incrível – e fico feliz de ver OLED em toda família de 2020. E tem toda a discussão filosófica de reviews técnicos que reclamam que a Apple não coloca RAM, bateria suficientes (em comparação ao mundo Android) nem uma tela com taxa de atualização de 120Hz.
Sempre lembrando aos críticos (e aos esquecidos) que a integração de hardware e software da Apple são incríveis e dá mais certo com menos recursos que um Android – lá, o Google cria o sistema operacional, os fabricantes do ecossistema integram do melhor jeito possível seu hardware. A Apple controla tudo, e isso é excelente.
Por isso usar o iPhone 12 Pro Max com “apenas” 6GB de RAM (Androids já chegam a 12GB!) e “somente” 3.687 mAH de capacidade de bateria (5.000 mAH no S20 Ultra) são mais que suficientes. O desempenho é rápido demais, quase não trava (em pouco mais de um mês, tive um incidente isolado em que a câmera True Depth frontal travou – acho – e não desbloqueou a tela nem abriu a opcão de digitar a senha), mesmo com alto nível de pós-processamento nas câmeras as fotos não demoram entre uma e outra – para ficar em um exemplo. E vale lembrar que a Apple não divulga RAM e capacidade de bateria (vi essas specs no GSM Arena).
Integrado? Sim. A bateria do 12 Pro Max, menor que a do S20 Ultra, dura a mesma coisa dentro de casa. Minha rotina da pandemia é carregar pela manhã, usar bastante durante o dia (FOMO, afinal), chegar ao fim do dia com uns 40% (por volta das 20h) e dar uma pequena recarga à noite para ver Tiktoks antes de dormir. Acordo no dia seguinte com 50-55%, basta repetir o ciclo. E isso tudo ocorre graças ao hardware muito bem integrado ao software, que controla de forma eficiente. Na vida real, duraria um dia todo, com certeza.
Tem a questão do carregador. Uso o cabo Ligthning para USB-C fornecido na caixa do iPhone com o carregador de 25W do Galaxy S20 Ultra que fica 2e não tenho problemas. Na sala, à noite, uso o carregador e cabo da Anker. Como já disse na newsletter, a Apple só abriu a tendência de smartphones sem tomada e fones na caixa – aguardemos o possível “choque” do mundo Android quando a Samsung anunciar o Galaxy S21 (rumores indicam que é em janeiro mesmo).
Ah sim, o iPhone 12 Pro Max tem conectividade 5G. É compatível com o “5Gambiarra” das operadoras locais (5G DSS), mas estou desde março de quarentena em casa e meus breves roteiros de ir ao mercado/correios/comprar comida para a mãe são fora da área de cobertura do 5G DSS da Vivo, minha operadora.
O design da linha iPhone 12 é um belo acerto da Apple, resgatando o conceito do (já jurássico) iPhone 4, com cantos bem definidos e brilhantes, acabamento em vidro fosco na traseira (brilhante na parte das câmeras). Estou com o modelo azul-pacífico e ele é lindo – mas recomendável usar uma capa protetora. O smartphone é compatível com o novo padrão MagSafe para carregamento sem fios (e prender acessórios), mas não testei o recurso. Ainda sou muito cético em relação a carga sem fio para qualquer plataforma: é lento, esquenta e usar o cabo ainda me parece mais eficiente.
Na frente, o ex-polêmico notch/franja/testa por conta da câmera frontal/sensor para o FaceID (que, de super prático no dia a dia, se torna inviável no uso do iPhone com máscaras no rosto – e dá-lhe digitar a senha).
O conector de fones de ouvido já se foi faz tempo, e a tendência (de novo, apontada por Cupertino e seguida pelo resto) de usar fones sem fio é cada vez mais forte. Os Airpods Max que o digam.
As câmeras do iPhone 12 Pro Max
O iPhone 12 Pro Max é o diferentão da família, com o conjunto de câmeras/sensores mais avançado entre os quatro modelos:
- uma lente ultra grande angular, com campo de visão de 120 graus
- uma lente principal grande angular com um novo sensor muito muito muito luminoso (f/1.6, pixels de 1,7 micrômetros) com estabilização de imagem no sensor
- uma telefoto (2,5x de zoom, equivalente a 65 mm, mas que somada ao sensor principal consegue chegar a 5x de zoom óptico)
- o sensor LiDAR que é a coisa mais sensacional que a Apple (ou qualquer outro fabricante) poderia colocar em uma câmera. Não dá para errar o foco com ele.
- a resolução das 3 câmeras é de 12 megapixels, e eu só percebi que não tinha citado isso depois que publiquei o texto. Prova de que a guerra dos megapixels não importa mais mesmo.
Na prática, isso significa fotos excelentes e nítidas demais. É a melhor câmera de smartphone em 2020.
A Apple fala muito em fotografia computacional no iPhone – em que hardware e software se unem para criar fotos perfeitas. O engraçado é que dá (de certo modo) para ver isso em ação (não consegui capturar a tela, infelizmente): ao abrir a câmera, o foco se fixa em áreas que o iOS entende que são a prioridade, principalmente em fotos de animais ou humanos, mostrando um retângulo (ou mais de um) que indicam as prioridades de foco e me lembram muito sistemas de rastreamento de pessoas com reconhecimento facial (em uma menor escala, algo como isso aqui),
Melhor mostrar que falar.
Primeiro, fotos gerais de céu, zoom, detalhes, grande angular – todas dentro de casa ou da janela do apartamento da minha mãe.
Uma série de gatos, para ver que o recurso Deep Fusion (ou “modo suéter” que pega muito detalhe) está cada vez melhor.
Alguns retratos – incluindo selfies e modo noturno (uma novidade muito bem-vinda também).
E o sensacional modo noturno. Antes de falar dele, contemplem a Matilda – um gato preto, difícil de fotografar à noite – em um ambiente mal-iluminado, apenas com a luz incidental da entrada da casa (à esquerda) e a luz da cozinha à direita. A olho nu você não percebe que tinha uma gata em cima do piano.
Com o iPhone 12 Pro Max, ela estava lá, nítida como se fosse dia. Tem um comentário que o Barba fez outro dia e eu lembrei ao ver essa foto: tem algo nos sistema da Apple que foca sempre nos olhos – sejam humanos ou de seu bichinho de estimação.
Mais algumas amostras de fotos à noite com o iPhone 12 Pro Max – vale notar que é o primeiro iPhone (ao menos que passa pelas minhas mãos e eu percebo isso) capaz de fotografar estrelas no céu. Nada novo para quem usa Android (saudades P30 Pro), impressionante para a câmera do iPhone.
E um bônus fotográfico descoberto ao acaso: as câmeras do iPhone 12 Pro Max são uma excelente câmera macro (basta ativar o zoom 2,5x e a fotografia computacional faz o resto).
Como lidar com o LiDAR
O sensor LiDAR (Light Detection and Ranging) mede quanto tempo leva para a luz refletir de uma superfície. Ele é o que faz as fotos serem muito nítidas e com o foco correto, mas é o recurso que mais me faz ficar pensando “mmm, isso aqui tem aplicações profissionais muito interessantes”. E acredito que se fosse engenheiro civil, arquiteto, decorador ou operador de AutoCAD estaria dando pulos de alegria ao saber do LiDAR nos iPhone 12 Pro. É algo de nicho? Sim. Tem potencial de coisas incríveis? Tem, sem contar os usos de realidade aumentada – outra coisa que eu não boto muita fé junto com o carregamento sem fios.
O LiDAR serve para criar mapas 3D de ambientes, com medidas exatas. Alguns aplicativos grátis na App Store já fazem isso – basta ter um pouco de paciência para escanear o ambiente de todo ângulo possível. Dos três apps que usei (Canvas, Scandy Pro e 3D Scanner App), o Canvas (que tem o nome mais genérico possível em 2020) é o que me pareceu mais eficiente – até com opções de renderizar seu ambiente 3D em um arquivo de AutoCAD. O Scandy Pro não usa o LiDAR, apenas o sensor da câmera frontal True Depth e não conta, e o 3D Scanner App me pareceu o mais básico. Vale para experimentar e ver o mundo (ou ao menos sua sala de TV) de outros ângulos.
Canvas Canvas Canvas Canvas Scandy Pro 3D Scanner App 3D Scanner App 3D Scanner App
Conclusões
Falar que iPhones são caros no Brasil é constatar o óbvio, o iPhone 12 Pro Max (preço sugerido: R$ 10.999 no modelo de 128GB, R$ 11.999 no de 256GB e R$ 13.999 no de 512 GB) . A Apple tem sua fiel base de consumidores que paga (ou, até antes da pandemia, trazia do exterior) o que vale o smartphone – nem que seja para usar como item da moda. Só que é um aparelho que vai durar alguns anos com uma excelente câmera e garantias de atualização de iOS por um bom tempo. Vale o investimento? Sem dúvida.
No anúncio dos novos iPhones, eu comentei que é a fase das câmeras super-nítidas. Usando o iPhone 12 Pro Max, no fim das contas eu estava certo 😉
[Apple]
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