Nesta semana: WWDC, Xiaomi no Brasil e (ainda) a Huawei.
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Eletrônicos de Consumo
WWDC 2019 – Destaques da longa apresentação da Apple:
- Hardware: o novo Mac Pro (um hardware poderoso como não se via há anos com configurações impressionantes e que vai ser muito caro (ou não, uma vez que é voltado para uso profissional que demanda alto poder de processamento, como vídeos – e que também cobram caro de seus clientes), e um monitor 6K com seu criticado pedestal extra de US$ 999;
- Software: o desmembramento do iOS para iPad com o iPad OS (e sua capacidade de ser um computador) e o novo Mac OS Catalina que vem sem iTunes (agora dividido em três apps no Mac; usuários do Windows continuam a passar raiva) – o Camilo Rocha conta no Nexo como o iTunes mudou o modo que consumimos música;
- Privacidade: a capacidade de fazer login em apps no iOS com e-mails temporários (o que permite ao pessoal de Cupertino segurar a onda de todas as outras big tech).
O mais importante de tudo: Project Catalyst, uma visão unificada que permite desenvolver apps para Mac, iPhone e iPad na mesma plataforma. Isso nos leva a imaginar os três produtos principais, hoje distintos, rodando sob uma mesma família de processadores.
Eletrônicos de consumo
A Xiaomi chegou a São Paulo com fila de mais de 3.000 pessoas (ou 7.000 durante todo o final de semana) e gente esperando por 45h na porta do shopping Ibirapuera (e até fila na fria quarta-feira à noite).
Nossa análise: alguns produtos têm preços bem legais (como a Mi Band 3 por R$ 199, as lâmpadas conectadas por R$ 179, as mochilas em geral), outros estão caros (como o guarda-chuva de R$ 199 ou o patinete de R$ 3.999) o que precisa ser entendido é qual o público que a operação busca atingir – claramente não é quem compra na China e importa na esperança de não pagar impostos. Repetimos o mantra: é a Miniso dos cacarecos eletrônicos, e isso é ótimo.
Na China, a Xiaomi mostrou uma prévia da sua câmera de selfies inserida embaixo da tela transparente em um smartphone Mi 9. A Oppo também demonstrou algo parecido. É a próxima tendência em telas: sem notch, display com poucas bordas, câmera escondida.
Um perfil da unidade de smartphones da Positivo no Manual do Usuário. Dá a entender que a Huawei ainda é um sonho de consumo deles.
O mercado de smartphones usados no Brasil é enorme: quase 700 mil aparelhos foram vendidos em 2018.
AMD e Samsung fecharam uma parceria por GPUs Radeon no smartphone.
Um update do Samsung Galaxy S10 (que agora tem capinhas que custam mais que o telefone) permite que apps de terceiros (como WhatsApp) acessem a câmera com lente grande angular.
Na China, a Samsung segue com problemas. No Brasil, continua tudo bem: nova loja conceito no shopping Eldorado de SP (Galaxy Studio) e lançamento de tablets (leve impressão que, entre as marcas de tablets, só sobraram Apple e Samsung por aqui, certo?)
Linus Tech Tips construiu uma supermáquina “tipo” Mac Pro anunciado no WWDC.
Guarde esse nome: Luminous, criadora de chips de IA que usam… luz. (Bill Gates é um dos investidores).
LG ainda vive e pretende lançar um smartphone barato (série W) com três câmeras na Índia. A Nokia/HMD tem uma estratégia para o mercado americano (que envolve operadoras e aparelhos baratos).
Uma análise psicológica sobre o futuro de dispositivos vestíveis (como o Apple Watch).
Linha do Tempo Guerra Fria 2.0
01/6 – A meta da Huawei de ser a número 1 em vendas de smartphones e passar a Samsung está sendo reavaliada (a Huawei nega a pausa na produção, mas o mercado global vai entrar em queda).
02/6 – O fundador da ARM diz em entrevista que o banimento da Huawei vai causar problemas para todo o mundo da tecnologia, incluindo o Google. O IEEE voltou a permitir a revisão por pares por cientistas da Huawei.
03/6 – A unidade de cabos submarinos da Huawei está à venda. No Brasil, a empresa reafirma seu plano de pelo menos três anos para smartphones. Na Finlândia, a Nokia diz que já tem mais contratos 5G que a Huawei.
04/6 – O Washington Post fez um levantamento com 80 especialistas em cibersegurança. 61% deles concordam que o banimento da Huawei não muda nada para os EUA.
05/6 – A Huawei vai ajudar a Rússia a desenvolver sua infra-estrutura 5G em 2020 (CNN chama de “cortina de ferro”). Nos EUA, o banimento vai ser um problema para a internet rural, e a Huawei volta a falar de um acordo de “não espionar” (os americanos que vendem para a Huawei já estão sentindo o peso).
06/6 – O Procon ouviu a Huawei. O Google Brasil fez um comentário controverso sobre a política de privacidade dos chineses. A interface EMUI 9.0 usada pela marca está presente em 80 milhões de smartphones, com previsão de chegar a 100 milhões até o fim do mês.
07/6 – Boa notícia: o Facebook vai parar de espionar em smartphones Huawei, deixando de pré-carregar os apps nos aparelhos – porém os aplicativos podem ser baixados. O Google diz que os EUA ficam em uma situação vulnerável de segurança se o banimento da Huawei prosseguir. O vice-presidente Mourão volta a descartar um veto brasileiro à Huawei no 5G local (e pergunta “cadê a empresa americana?” no desenvolvimento do 5G).
Internet
O evento Google for Brasil deu um balanço da operação do Google por aqui e a empresa fez diversos anúncios – de celular básico com botão do Assistente a certificação online para suporte de TI. O Henrique fez um resumão sobre os três principais tópicos: Wi-Fi gratuito nas Google Stations, privacidade e as coisas inteligentes da Positivo.
Nos EUA, o Google anunciou a data e mais detalhes sobre o lançamento do Stadia, seu serviço de games na nuvem, sem previsão de chegada no Brasil. Torcer para o Stadia ter uma vida longa, diferente do incrível aplicativo Google Trips, que sai do ar em agosto. O site do serviço continua vivo e forte. Saudades do Google Reader.
O YouTube é alvo de críticas cada vez mais constantes e incisivas de produtores de conteúdo LGBTQIA+ que reclamam da falta de ação da plataforma para remover conteúdo que envolve discurso de ódio. A discussão se adensa enquanto, em outro flanco, a plataforma é apontada como um espaço de disseminação de conteúdo para pedófilos.
Olá Spotify Stations: o novo app “light” dá acesso apenas a playlists. Por enquanto restrito aos EUA e Austrália. O Spotify também vai hospedar o podcast do casal Obama.
Adeus, Blackberry Messenger. Causa da morte: falta de usuários no BBM.
O que acontece quando uma rede neural resolve dar nomes a gatinhos para adoção? Kill All Humans, Mr. Sinister, Sparky Buttons ou Tom Noodle são nomes bem aceitáveis 🙂
O governo russo ordenou ao Tinder que compartilhe dados dos usuários (e mantenha cópias de tudo – mensagens, fotos, histórico) por pelo menos seis meses. Já são mais de 175 os aplicativos e serviços de mensagem alvos de ações do tipo pela Rússia.
David Beckham é a estrela de uma campanha contra a malária que usa manipulação de vídeo (criando um deep fake do bem) para fazer o jogador falar outros idiomas.
Mukbang é o nome dado ao ato de fazer vídeos comendo para outros verem no YouTube. É a evolução do ASMR – um caminho longo e tortuoso pelas bizarrices do YouTube.
Um resumo de como a desinformação se espalha em apps de mensagens, usando a eleição na Espanha como exemplo.
Q é a primeira voz sem gênero criada para uso em Inteligência Artificial (ouça).
O TikTok quer se provar uma alternativa viável para anunciantes. O Henrique encontrou um vídeo que só fãs da montanha de purê de batata vão entender.
TechBiz
A Amazon fez em Las Vegas uma conferência sobre o futuro chamada Re:Mars. Entre os anúncios, a promessa de entrega por drones (nos próximos meses), novos robôs para seus armazéns (veja o vídeo) e mãos robóticas em dez anos (!).
Os serviços da Google Cloud derreteram no domingo à noite, tirando do ar YouTube, Gmail e Snapchat em algumas regiões do mundo. Mas pelo segundo ano seguido, o Google roda 100% com energia renovável.
99 tem nova categoria de carros, a 99 Comfort, para concorrer com o Uber Select.
Tudo indica que o Departamento de Justiça norte-americano vai começar a mover ações antitruste contra as big tech (Google, Apple, Amazon, Facebook), que já preparam o lobby em Washington.
Pelo menos a Apple está pronta contra terremotos (de verdade).
A Fiat desistiu da proposta de fusão com a Renault por “motivos políticos”. Um alívio para as grandes montadoras que seriam eclipsadas pela possível nova gigante.
O Android Pit pediu falência na Alemanha. A operação tinha 8 redações na Europa, EUA e Brasil – onde já fechou as portas. Prova de que audiência alta não significa dinheiro no bolso.
Números enormes: Loggi recebeu aporte de US$ 150 mi e virou unicórnio, a Creditas está a caminho (com um valuation de US$ 700 mi pelo Softbank).
[…] Aconteceu muita coisa no mundo da tecnologia brasileira na última semana. Confere lá no Interfaces. […]