Meus 5 centavos sobre o WWDC 2017
Início » Opinião » Meus 5 centavos sobre o WWDC 2017

Meus 5 centavos sobre o WWDC 2017

Novos iPads, Macbooks, iMacs e um HomePod movido a Siri, com comandos de voz. A Apple de 2017 ainda inova, mas agora traz novos termos comuns ao mercado em seu vocabulário.

Este ZTOP fala pouco de Apple. Tem seus motivos, que repito sempre: o hype excessivo (e irritante) da mídia em cima da marca, a máquina de rumores criada em torno da sua cultura de segredo para novos produtos que mais desinforma que informa.

Porém, isso não significa que este ZTOP não respeite a Apple: sigo o trabalho da marca no Brasil desde 1999 e já vi muita coisa acontecer –  de iBooks roubados em coletivas de imprensa a gente me ligando (em um passado distante com menos internet, digamos) para saber quando o iTunes seria lançado por aqui, passando por ver jornalistas alucinados para ir a lançamento de iPhone em loja de operadora tentar ganhar um (que patético).

Já tive diversos iMacs – foi meu primeiro computador desde que comecei a ter um salário como jornalista, no saudoso tempo do dólar 1 pra 1-, hoje uso um Macbook Pro e tenho um iPhone 6S Plus. Não é porque falo pouco de Apple que não gosto da marca. Windows? Manda pro Nagano!

Nagano comenta: Oh really??? — Só para desmentir esses boatos maldosos e sem fundamento de que não curto aquela empresa com nome de fruta, segue abaixo uma prova cabal de que sim, eu também tenho e curto hardware da Apple. De fato eu cobri o IDF Fall 2000 com essa belezoca:

Ah sim, eu também tenho um Macintosh. Paguei R$ 14 por ele na Santa Ifigênia e, de brinde, seu HD veio cheio de aplicativos, documentos e até algumas planilhas financeiras da Editora Abril:

Ah sim, eu vi Steve Jobs ao vivo, mas isso é outra história.

Ontem tirei um tempo para assistir ao discurso de abertura do WWDC, a conferência de desenvolvedores da Apple.

Meus destaques pessoais:

  1. o foco da Apple no mercado profissional, de novo.
    iPad Pro, iMacs poderosos, iMac Pro com processador Xeon, novos Macbook Pro (com portas USB de volta!). Mesmo os novos recursos do Mac OS X High Sierra, a ser lançado, reforçam o modo pro: o sistema de armazenamento Apple File System (APFS) é, sem dúvida, voltado a mercados de produção/edição de conteúdo de foto e vídeo – e VR também.Melhor dizendo: profissionais de vídeo, foto e VR se beneficiarão mais de um recurso como esses, que transfere arquivos de forma mais rápida.O lado Pro de volta à Apple faz sentido neste momento, já o iPhone, o produto de maior sucesso da empresa, faz dez anos em 2007. Vamos retomar nossa base inicial e fiel (Pros!) agora, aguardemos o culto do iPhone no segundo semestre.Em um mundo onde a arqui-rival Samsung conseguiu criar um design de smartphone diferente (e curvado), estou curioso para ver onde o iPhone “10” vai parar.
  2. Apple segue, não lidera, em certos temas da indústria de tecnologia.
    Nos tempos de Steve Jobs, a Apple poderia até inventar um termo para uma tecnologia corrente que ela gostaria de adotar em seus produtos/serviços. Um exemplo atual: em vez de falar USB-C, a Apple fala que os MacBooks têm “quatro portas Thunderbolt”. É o seu jargão tecnológico.Ao ver a apresentação de Tim Cook ontem, isso não ocorre mais com tanta frequência: machine learning (aprendizado de máquina) foi um dos termos citados inúmeras vezes, e é algo que a Apple não é a pioneira. Google, Amazon e Microsoft fazem (e falam) disso faz tempo, principalmente para o desenvolvedor de apps e serviços.Outro exemplo: realidade virtual. Não quero soar saudosista, mas em tempos de Jobs nunca uma HTC demonstraria seu headset Vive em um keynote da Apple. Ok, era uma demo de jogo feito em plataforma Apple para VR (olha o lado “pro” aí de novo).  Idem para Realidade Aumentada, o santo graal do comércio eletrônico que nunca pegou por falta de aplicativo decente (exceção notável: Pokémon Go).VR, na verdade, é uma área que a Apple já inovou – nos anos 90 – com o QuickTime VR e seus vídeos em 360 graus (pequenos e lentos, mas era o que a tecnologia da época permitia) que se perderam no tempo, no distante Mac OS 8-9 (quem viveu lembra. Saudades da Sosumi).
  3. HomePod e como sumir com a marca Beats.
    A caixa de som inteligente HomePod não é a primeira do tipo feita pela Apple – lembre-se do iPod Hi-Fi.HomePod roda Siri – olha o machine learning aí, gente – e, no modo até que simples descrito pela Apple, é um excelente sistema de som (sete tweeters direcionais! som adaptativo! musicologista para ser seu DJ pessoal robótico! tem mais poder de processamento que um iPhone velho!). Acredito que o produto é um passo da Apple em falar do mercado de “machine learning” de uma forma simples para o consumidor.Eu não compraria uma caixa de som que aprende com meus gostos para minha mãe, mas uma caixa de som com Siri, a simpática assistente digital, sem dúvida. É um produto de nicho (US$ 349, contra US$ 179 de um Amazon Echo, que faz mais que apenas tocar música de um serviço só), para um nicho que usa Apple Music como principal plataforma de streaming de música.A única coisa curiosa do ponto de vista de marca relacionado ao HomePod é que é um produto da Apple, não da Beats – marca da turma de Cupertino especializada em fazer esse tipo de equipamento de som (e uns fones de ouvido metidos a besta).
Crédito das fotos: divulgação Apple. 

 

Escrito por
Henrique Martin
10 comentários
  • baita análise, cara. Entendi a mensagem do evento de forma muito parecida.

    -TODAS empresas parecem estar tentando surfar na onda AR/VR e AI. Enquanto isso 0,01% dos clientes deles usa as “secretárias” virtuais e AR/VR enfrenta dificuldade para deixar de virar uma demonstração que surpreende quem nunca viu.
    -Eventos da Microsoft e da Apple estão ficando cada vez mais parecidos: novos hardwares focados em criação de conteúdo, smart speakers, AR…o curioso é q em todos esses pontos a Microsoft saiu primeiro (não digo na frente, pois teria outra conotação e dependeria de uma análise mais subjetiva).
    -Estranhei o homepod não ter algum selo de BEATS.

    • De um certo modo, assim como foi no passado com as telas 3D e mais recentemente com os smartwatches, as empresas de tecnologia estão sempre atrás da “próxima grande coisa (que vai encher nosso traseiro de dinheiro)” e, muitas vezes, a coisa não decola.

      Para mim o toque mágico que faz qualquer nova tecnologia acontecer é a boa e velha “Killer App” ou seja, uma aplicação tão bacana que faz com que qualquer pessoa compre um produto só para utilizá-la.

      Foi assim no passado com o Visicalc — a primeira planilha eletrônica do mercado que só rodava no o Apple II — e acontece hoje como o WhatsApp que convenceu muita gente a comprar e usar o seu primeiro smartphone.

      Sob esse ponto de vista, se não surgir uma aplicação realmente matadora para AR/VR/AI — dai todo o suporte aos desenvolvedores — essas tecnologias poderão até se tornar produtos de nicho, mas nunca um sucesso de público.

      • Gostei tanto de assistir ao 3d no cinema que comprei uma tv passiva pra casa.
        Mas com a quebra, não acho mais no mercado e estou procurando um projetor pra não perder minha 3Dteca.

        • Será que essa é uma tecnologia tão cara que não poderia ter continuado nas TVs mesmo não sendo mais o principal recurso da TV? Ano passado tentei comprar uma TV 3D e 4k com um preço razoável e não consegui. Acabei pegando uma Samsung 4k curva sem 3d mesmo.

  • Cara, até que enfim uma análise sem o chorume de babação à Apple. Chega ser patético ler o Gizmodo de tão puxa saco. Incrível como esses caras não conseguem ser imparciais e a dificuldade em dizer que Apple já não é mais a mesma e que agora, surfa na onda dos concorrentes.

  • Por enquanto acho que o VR será o próximo 3D ou tela curva… Já já morre…

    Ganhei um Gear VR junto com um s7 que comprei ano passado. Vi alguns aplicativos, achei uma bomba o Netflix dele, gostei de jogos da NBA e achei bestas os pornôs disponíveis. O incômodo de usar não paga pela “experiência”, fora que eu tinha que deletar metade dos meus aplicativos, fotos, etc pra poder rodar algo no Gear VR. Depois de uma semana de testes, o meu Gear VR ficou encostado em algum guarda roupa lá de casa.