O Samsung Galaxy Z Fold2 não é o seu smartphone convencional. A segunda geração do aparelho dobrável da fabricante coreana deixa de lado a sensação de ser um produto experimental para se tornar algo real e que pode ser usado no dia-a-dia como ferramenta de produtividade e entretenimento.
Vale mencionar que 90% deste texto foi escrito usando o próprio Z Fold2 com um teclado Bluetooth. O resto foi edição/novas inserções no computador mesmo.
Galaxy Z Fold2: visão geral
- Esqueça o passado do Fold original. Eu disse (no meu review para o Link/Estadão) que o Fold era uma prévia do smartphone do futuro. Com o Fold2, esse futuro chegou relativamente rápido.
- A tela externa é grande, as dobradiças passam sensação de segurança, a tela interna cresceu um pouco, a duração da bateria aumentou.
- A tela externa é um pouco estreita demais (li alguns comentários no exterior de que é uma tela perfeita para seu tamanho – não é). Mas é nítida demais, o que é excelente, e serve de cartão de visita para o modelo mais premium da Samsung hoje. A fonte original fica pequena demais, dependendo do ajuste, no display externo.
- O design do Z Fold2 segue as linhas do Galaxy Note 20 Ultra. Recebi o modelo Bronze Místico e ele é esteticamente aprazível de se ver.
- No formato dobrável, acho o que a Samsung fez no Galaxy Z Flip (e a Motorola no misterioso razr) mais agradável – cabe no bolso, mais discreto, lembra mais um smartphone convencional, tem um fator “uau” maior. E ambos já têm preços (em queda) ainda altos, mas mais acessíveis.
- Fechado ele segue grande. Imagino que compradores potenciais do Z Fold2 também comprem um Galaxy Watch 3 com LTE para fazer exercícios, pois é inviável imaginar um aparelho desses dentro de uma pochete enquanto tento mover meu corpo).
- Mas o design, de novo, é encantador. Fechado ele segue grosso, aberto é um novo mundo para uso de smartphone.
- O consumo de mídia (Netflix, Prime Video, TikTok) é excelente na tela grande. É uma experiência imersiva e divertida – e com som estéreo nas laterais da tela.
- Aberto, porém, ele se torna um aparelho fino (meio óbvio de novo), um indicador do que eu gostaria de ver na espessura de um smartphone convencional com tela menor.
Fold original: tela pequena por fora Fold2: tela grande por fora
- O vinco da tela já era visível no Fold original, segue visível no Fold2. Na prática, você se acostuma com ele, já que depende muito do ângulo da tela e da cor de fundo para aparecer ou se destacar. É um pedaço de plástico que acende, afinal.
- Algo um pouco irritante no Z Fold2: o sensor de digitais na lateral. Acho muito útil e bem posicionado ali – e a possibilidade de destravar com múltiplos dedos cadastrados ajuda destros e canhotos. Mas demora para pegar o “jeito” do toque no lugar certo – e invariavelmente terminei com a tela bloqueada, precisando digitar o PIN.
- Samsung aprimorou recursos como a janela múltipla ativa (com até 3 apps simultâneos e mais fácil de reorganizar), o que é bom de ter no dia a dia.
- A duração da bateria nos meus testes “pandêmicos” segue o que encontrei com o Note 20 Ultra ou mesmo o S20 Ultra – carrego pela manhã (obrigado carga rápida), tiro da tomada umas 9h, uso durante o dia, por volta das 20h estou com 35-40% de carga, boto na tomada por mais um tempo, tiro da tomada, uso, vou dormir. Repita no dia seguinte. No mundo ideal, deve dar para usar sem problemas por um dia todo.
- Claro que existem exceções – gastei pouco mais de 12% de bateria entre conectar o teclado, os fones de ouvido, escrever este texto no Google Docs com 6.200 caracteres (tela em modo escuro) e responder uns emails e tweets em 2h de uso. Tela ligada o tempo todo gasta mesmo.
- E aqui não consideramos o uso do smartphone com uma rede 5G ainda, por razões óbvias.
- O Z Fold2 é um aparelho sólido. Não falo isso apenas porque derrubei da bancada onde estava carregando no primeiro dia (e NADA aconteceu), mas ele é feito para aguentar pancada. Não para sair batendo a tela em todo canto e derrubando no chão, mas para aguentar a tela abrindo e fechando o tempo todo e o uso diário em geral). Ele passa essa sensação de solidez. Por US$ 2.000, não esperava menos também.
Observações sobre software
- Não dá para fazer ligações com a tela aberta sem ser pelo viva-voz
- Instagram Stories: ótimo de ver, mas pode distorcer na hora de compartilhar, por conta da proporção da tela
- Com a tela aberta, tem tanto espaço na barra inferior de atalhos que coloquei todos meus apps principais lá.
Galaxy Z Fold2: detalhes da engrenagem
O que eu não fiz com o Z Fold2
- Sair na rua, primeiro pelo fato de ainda ter uma pandemia rolando e por ser um aparelho de US$ 2.000 no meu bolso (e que veio com uma pequena fissura na tela por conta de uso impróprio do reviewer anterior, um Youtuber).
- Mesmo sem sair na rua, a tela do Z Fold2 fica com muita marca de dedo na tela interior – nada que um pouco de álcool 70 em um paninho de microfibra não resolvam.
- Tirei poucas fotos – vejo o Z Fold2 como um smartphone-tablet para consumo de mídia e produtividade. A câmera é boa (tem umas amostras nas galerias mais abaixo), mas não é o que vai te fazer comprar um (ou ao menos desejar).
- Para fotografia, a própria Samsung tem aparelhos melhores (S20 Ultra, Note 20 Ultra para ficar em dois exemplos).
Fotos da Matilda feitas com o aparelho
- O Z Fold2 tem alguns truques de câmera, principalmente para uso com ele “sentado” na mesa e usando as duas telas ao mesmo tempo. É legal, divertido, mas, de novo, não é o motivador principal da compra – mas dá um fôlego extra para o investimento alto.
Trabalhando com o smartphone
Existe uma regra de ouro para escrever em um Z Fold2 (ou em um iPad, Galaxy Tab S ou até mesmo em um smartphone convencional): você vai precisar se concentrar.
O dispositivo em uso é excelente para controlar seu foco – e faço isso sempre que preciso de concentração, sem me distrair. Meu maior problema de atenção com notebooks é a facilidade de trocar de tela.
Em um dispositivo pós-PC, a distração existe (a um alt-tab + setas de navegação de distância), mas é menos prático. O conceito parece complicado, mas não é. Recomendo.
O que usei para trabalhar com o Z Fold2 (além do teclado)
- Google Docs (para escrever)
- Gmail (ler e responder mensagens)
- Twitter (porque precisamos de distrações)
- Player Pro (para ouvir músicas offline no Galaxy Buds+) e Spotify
- Uma bateria externa para apoiar a tela. O aparelho, com a tela aberta na horizontal, não tem um suporte – então usei a gambiarra de apoiar em uma bateria de 10.000 mAH que estava aqui ao lado
- Navegador de internet (aqui, o Samsung Browser)
- Poderia subir o post direto no WordPress pelo Z Fold2, mas as fotos estavam editadas e prontas em um iPad Pro – e já enviei para o sistema de publicação antes de começar a escrever.
Observações do teclado
- Usei um modelo antigo Bluetooth da Apple que estava encostado aqui em casa (pareado a um velho computador, demorei um pouco para conseguir conectar ao Fold 2).
- Ao conectar, usei o SwiftKey como teclado padrão do sistema. Não parecia a melhor opção pois metade da tela (ou quase) estava tomada pelo teclado virtual – mas pelo menos tinha sugestões de palavras para acompanhar. Com o SwiftKey, as teclas de atalho do teclado Apple se mantiveram como um Mac convencional para acentuação.
- Lembrei que tinha um gerenciador de teclado externo para Android (Keyboard Helper); desativei o SwiftKey e agora estou com o teclado funcionando em tela cheia – mas o Fold2 entende que estou usando o teclado externo + Samsung Keyboard e as teclas estão padrão ABNT, sem os atalhos do Mac.
Por conta disso, o Z Fold 2 (e um teclado) servem muito bem como ferramenta de produtividade. O aparelho vem com o modo DeX sem fios também, e pode ser conectado a um televisor por Wi-Fi, deixando a tela com um modo mais “desktop” convencional.
Até curioso perceber que, por ser um minitablet, o Z Fold2 não tem um modo DeX nativo, como os tablets da Samsung. Fica a indicação para a Samsung permitir seu uso nesse modo em um update futuro.
Henrique, você compraria um Galaxy Z Fold2?
É uma pergunta difícil: o smartphone tem câmera boa, bateria que dura bastante e que se dobra no meio, vira um tablet incrível para trabalhar e se divertir.
Eu compraria um Z Fold2 no modo “ecossistema completo” com um Galaxy Watch 3 LTE como companheiro de aventuras externas para usar como central de notificações (+ companheiro de exercícios, quando eu criar vergonha na cara e voltar a correr).
E um aparelho menor (eu ainda acho o S10+ um formato/tamanho incrível na linha da Samsung que fica em aberto – ainda mais com o anúncio do iPhone 12 mini) para situações mais corriqueiras (ou que demandem mais espaço livre no bolso).
Acredito também que é complicado/arriscado tirar um smartphone com valor estimado em US$ 2.000 do bolso nas ruas de São Paulo.
Por enquanto a Samsung Brasil mantém mistério sobre o lançamento oficial do Z Fold2 por aqui, assim como seu preço oficial. Com mais de um aparelho rodando na mão dos sites/canais de YouTube, não deve demorar muito. Como o aparelho será fabricado aqui no país, provavelmente a fábrica ainda está sob ajustes.
Atualização 26/10: o Z Fold2 entra em pré-venda de 26/10 a 12/11 pelo valor sugerido de R$ 13.999, com Galaxy Buds Live e Galaxy Watch3 de brinde no pacote.
O produto chega às lojas em 13 de novembro.