Introdução | Os e-readers | Conclusões
Os e-readers
Diferente dos demais produtos que falamos sempre aqui, as especificações técnicas são a coisa menos importante por aqui: tamanho de tela, qualidade de leitura, facilidade de uso e alguns extras, como conectividade, têm maior prioridade. Ambos têm telas sensíveis ao toque e a retroiluminação que ajuda muito a ler em qualquer situação de iluminação.
O Kindle Paperwhite traz uma tela e-ink de 6″ com resolução de 1024 x 758 (212 ppi) com escala de 16 níveis de cinza, mede 169 mm x 117 mm x 9.1 mm (=cabe na mão direitinho, pesa apenas 214 gramas), vem com 2 GB de armazenamento interno (ou 1.100 livros) e é oferecido em dois modelos: um com Wi-Fi apenas e outro com Wi-Fi e 3G – minha versão é essa.
O 3G, serviço gratuito, serve para baixar livros de qualquer lugar (e acessar a Wikipedia para consultas de dentro do livro. Com Wi-Fi dá para usar o navegador para ver sites em preto e branco de forma bem experimental).
Seu design é bastante minimalista: bordas grossas na tela para segurar, apenas um botão de liga/desliga e entrada para o carregador microUSB na parte inferior (e uma ranhura para zerar o aparelho em caso de problemas). Atrás, um Kindle enorme escrito em baixo relevo.
Já o Kobo Aura HD é um tanto maior: tela e-ink de 6,8″ (1440 x 1080, 265 ppi), mede 175.7 x 128.3 x 11.7 mm (não cabe na mão, mas o design permite segurar com uma mão só; um pouco mais pesado: 240 gramas), 4 GB de armazenamento interno e um slot para cartões microSD e tem Wi-Fi apenas, porém três opções de cores (preto, branco e marrom). O branco fica sujo fácil.
Seu design é mais elaborado, com um acabamento traseiro em “onda” que ajuda a segurar o dispositivo, no topo o botão de liga/desliga (para o aparelho, em vermelho, e para a iluminação, em branco); na parte inferior, a entrada para o conector microUSB para recarga/troca de dados e o slot microSD.
A experiência de leitura nos dois aparelhos é mais que gratificante. A tela do Kobo Aura HD permite mais espaço para margens e “respiro” da página, porém não difere muito de um e-reader para o outro: ambos têm ajustes de fonte e espaçamento. Por conta da iluminação da tela (ou sua ausência, dependendo do local a ser usado), a experiência no final acaba sendo bastante parecida.
Na questão da usabilidade, o Kindle Paperwhite é muito mais amigável. Todos os comandos/controles estão no topo da tela, e basta dar um toque para ativar o menu e controlar a iluminação (no ícone da lâmpada).
Na prática, a Amazon demonstra ter uma filosofia de desenvolvimento de produto muito mais voltada ao consumidor parecida com a da Apple, sem frescuras e direto ao ponto. A tela inicial traz a lista de últimos livros e um atalho para a loja, e durante a leitura, o tempo restante no livro/capítulo.
Outro bom motivo para usar o Kindle são adendos como a extensão Send to Kindle para os navegadores Chrome e Firefox, uma ajuda enorme para ler textos grandes da web com calma no e-reader.
O Kobo tem uma interface mais complexa, com comandos no topo e na base da tela durante a leitura – e nem sempre o ícone “home” aparece ali no canto esquerdo superior (se sumir, é necessário tocar o centro inferior da tela).
E também tem comandos na base da tela. É mais confuso, no meu ponto de vista. O progresso de leitura está lá também. O Kobo tem, em sua plataforma, algo chamado Reading Life, um mecanismo que tenta entender seus métodos de leitura e se propõe a ajudar a ler mais (nem que seja com incentivos bobinhos como selos ao atingir metas). Interessante? Sim, mas pra mim (para mim) foge do propósito central de um livro: ler.
Como extras, o Kobo Aura HD também traz um navegador experimental para consultas rápidas na web e alguns apps e games, como xadrez e um para desenhar. O controle de iluminação é feito pelo botão na parte superior – e mesmo com um liga/desliga em vermelho, pressionei várias vezes esse botão de luz para tentar ligar o e-reader. Sua tela inicial traz os últimos livros lidos, detalhes do Reading Life e atalhos para os apps/games utilizados.
Um bom exemplo da diferença de filosofias entre Amazon e Kobo é no modo que os seus e-readers ficam no modo de descanso. O Kindle mostra imagens aleatórias ligadas à escrita e livros; Kobo mostra a capa do livro que está sendo lido
Perguntei pro pessoal da Amazon por que não ter a capa do livro (que transforma um gadget em uma experiência mais parecida com a realidade das árvores mortas), e a resposta foi simples: privacidade. Nem sempre você quer dizer para o mundo que está lendo “50 Tons de Cinza“, certo?
Outro diferencial de experiência entre Kindle e Kobo se dá na questão da iluminação: Amazon diz para você usar a iluminação forte com iluminação forte (ao ar livre) e fraca com luz fraca (ao ler na cama, à noite, só com um abajur ao lado). Kobo sugere o contrário (o que faz mais sentido). De novo, a explicação (e o bom senso): não usar com brilho máximo à noite se tiver alguém ao lado (eu, vítima de um iPad 2 noturno ao meu lado, sei bem o que é isso).
No geral, uso o Kindle e o Kobo com brilho médio (11-12 no Kindle, 50% no Kobo) para melhores resultados a qualquer hora – e sem incomodar ninguém.
Abaixo, o Kindle Paperwhite com brilho em 0-50-100% sob a luz do sol (com sombras da janela) e em um ambiente claro, sem iluminação artificial:
O mesmo com o Kobo Aura HD, em brilho zero/médio/total sob o sol e com luz natural. Note que os dois e-readers, com brilho médio e total, dão a sensação de “papel branco” para leitura – e isso é ótimo.
Aqui, os e-readers em um ambiente escuro (meu quarto) com um abajur aceso. Mesmo nível de iluminação de tela: nada (até dá para ler) / 50% (ideal) / 100% (muito forte).