Plantar cogumelo Shimeji em casa nunca foi tão simples e fácil — basta adicionar água!
Adoro cogumelos, do tradicional champignon às espécies asiáticas como o shimeji (fica ótimo refogado na manteiga com shoyu) e shiitake (rende uma sopa maravilhosa). Por isso achei o máximo quando minha esposa apareceu com um Cogukit de presente no dia dos namorados, uma caixinha que tem tudo o que você precisa para criar seu próprio “jardim de cogumelos portátil” em casa. Cogumelos frescos na minha cozinha? Opa, tô nessa!
O kit
O kit consiste em uma caixa de papelão, dentro da qual você irá encontrar um bloco de serragem compactada, já inoculado com os esporos dos cogumelos, uma garrafinha plástica com borrifador e uma simples folha de papel A4 com uma pesquisa de satisfação sobre o produto.
Segundo o texto, ao responder à pesquisa (por e-mail) você receberá em casa um segundo Cogukit, inteiramente grátis. Não sei se é uma promoção por tempo limitado, mas é uma forma interessante de medir a satisfação do consumidor e estimular a interação entre ele e o fabricante. Ainda não enviei minhas respostas à pesquisa, então não posso dizer quanto tempo demora o envio do segundo kit.
Cultivo, ou “basta adicionar água”
Não há um manual de instruções, elas estão impressas na lateral da caixa, e o uso do kit “não requer prática nem tampouco habilidade”. Basicamente tudo o que é preciso é abrir a janela picotada na frente da caixa, expor uma das faces do cubo de serragem, cortando o plástico que o envolve, e borrifar água limpa no bloco duas a três vezes ao dia. O kit deve ficar em local “fresco, úmido e iluminado, mas sem luz solar direta”.
Segundo as instruções os cogumelos começam a germinar em “5 a 7 dias”, e foi o que vi na prática: 5 dias após a abertura do kit notei os primeiros “tufos” na serragem.
A partir daí, as instruções mencionam mais “3 a 5 dias” para a colheita, mas esse tempo é influenciado por fatores ambientais. Provavelmente por causa do frio intenso em São Paulo na época, no meu caso foram necessários nove dias até que os cogumelos ficassem “no ponto”, com o “buquê” quase se desprendendo da serragem.
É divertido ver os cogumelos crescendo: nos primeiros dias “nada acontece”, mas assim que eles germinam a evolução é incrivelmente rápida: cogumelos pequenos que observei pela manhã tinham dobrado de tamanho na manhã seguinte, e novos apareciam ao seu redor no intervalo entre sair de casa pela manhã e voltar do trabalho no início da noite.
Crianças pequenas, especialmente, vão se interessar pelo processo: com quatro anos, minha filha acordava curiosa todo dia querendo ver “o cogumelo do papai”.
Que bicho é esse?
Logo que os cogumelos começaram a crescer, notei que havia alguma coisa “estranha”. Segundo a embalagem, eu estava criando shimeji branco, e as bandejas de shimeji branco que estou acostumado a ver no bairro da Liberdade, em São Paulo, contém “tufos” densos de pequenos cogumelos brancos (tecnicamente “Bunapi Shimeji”). Mas o que estava crescendo no meu kit era um “buquê” menos denso de cogumelos com “chapéus” imensos, quase do tamanho da palma da minha mão, que aliás eram diferentes do que aparece na ilustração da caixa (que parece ser o tradicional “shimeji preto”). Definitivamente não se pareciam nada com o shimeji branco com o qual estou acostumado.
Na dúvida, recorri ao produtor, que resolveu a charada. O que eles chamam de “shimeji branco” é na verdade o Hiratake, uma espécie gênero Pleurotus também conhecida como “cogumelo ostra”. Segundo Marco Aurélio Ruette, da CCES Cultivo de Cogumelos Especiais Suzano Ltda. (produtora do Cogukit), “no Brasil o Hiratake é considerado também “Shimeji Branco“. Hiratake é nome usado mais comumente no Japão. Colocamos Shimeji Branco por ser de mais fácil reconhecimento por parte dos nossos consumidores”.
Confesso que fiquei um tanto desapontado pela diferença entre o que foi anunciado e o que foi entregue. No final das contas isso não afetou a experiência nem o resultado final, mas fica para o fabricante a sugestão de adequar a linguagem e apresentação dos produtos para que atendam melhor a expectativa do consumidor, que de cogumelos provavelmente só entende que são deliciosos.
E o resultado?
Depois dos nove dias entre a germinação e a colheita, o resultado foram cerca de 40 gramas de Hiratake pronto para o consumo, direto da caixa para a panela. Menos do que os 200 gramas mencionados na embalagem, mas entendo que o cultivo em condições adversas (frio intenso) pode ter prejudicado o rendimento. Planejo cultivar um novo kit na primavera e ver qual a diferença no resultado final.
Tentei “reaproveitar” o kit para uma segunda colheita, mas não obtive sucesso. A dica também veio do fabricante: “Retire do plástico o bloco e coloque-o debaixo d’água por aproximadamente 1h30, depois deixe escorrer e volte a borrifar normalmente do lado oposto ao que nasceu da primeira vez. Não garantimos, mas podem nascer novamente”. Infelizmente não deu certo, e mesmo depois de uma semana nada nasceu.
Vale a pena?
Do ponto de vista da praticidade, é mais barato ir à mercearia mais próxima e comprar uma bandeja de shimeji. Em SP uma bandeja com 200g de shimeji preto (meu favorito) custa por volta de R$ 8, menos do que um kit. E você não precisa esperar 14 dias para comer.
Mas não há dúvidas de que pelo valor sugerido de R$ 10, o Cogukit é uma experiência divertida e ilustrativa. Vejo como algo especialmente atraente para quem tem uma horta na cozinha e gosta de tudo fresquinho, ou como algo educativo para mostrar a uma criança de onde vem a comida. Eu recomendo a experiência.
Onde encontrar?
O Cogukit pode ser encontrado no site do fabricante, e também em mercearias e supermercados especializados em produtos orientais. O meu veio do supermercado Marukai, na Rua Galvão Bueno, 34, no bairro da Liberdade em São Paulo.
A receita
Tá, você acaba de colher um punhado de hiratake. E agora, o que faz com isso? Bom, eu tenho uma receita simples: numa frigideira derreto uma colher de manteiga, coloco os cogumelos fatiados e duas colheres de sopa de shoyu. Refogo até os cogumelos ficarem macios, e sirvo com arroz branco e karê. Delícia!
Quanto “Win” nesse texto.
Muito mais útil que aqueles negocinhos de brinquedo que crescem com água :3
Excelente iniciativa.
Já fizemos outras análises/reviews de comida (nerd) no passado:
https://interfaces.news/hands-beyond-meat/
https://interfaces.news/hands-on-nissin-lamen-galinha-especial-de-50-anos/
https://interfaces.news/elixir-do-dia-oronamin-c/
https://interfaces.news/zumo-bebida-do-dia-calpis/
https://interfaces.news/geek-review-oden-em-lata/
https://interfaces.news/hands-on-sorvete-de-astronauta/
Etc. Etc.
A ideia é excelente. Mas se o kit sai mais caro do que comprar a bandeja de 200 gramas então vale só para fins educacionais ou de pura curiosidade. Para manter como horta própria, sem chance, pois parece que o kit só produz uma única vez, e nem sempre nos 200 gramas prometidos. E teria que ficar comprando mais e mais kits. Por isso o fornecedor tem que reavaliar o preço. Do contrário, vai encalhar nas prateleiras.
e o máximo que faço com os filhos é colocar feijão no algodão…
:-/
E o sabor!? O Hiratake tem o sabor semelhante ao do Shimeji dos rodízios de sushi?