A Nokia mostrou hoje seu primeiro tablet com Windows RT 8.1, chamado Lumia 2520.
Ele segue a linha de design da família Lumia de smartphones, usa um processador bastante veloz (Qualcomm Snapdragon 800) e, bem, usa Windows RT, o que me levou a ouvir muitas justificativas nesse Nokia World 2013.
Primeiro, vamos pensar que esse Nokia World, o evento grande (umas 1.200 pessoas, entre mídia, parceiros, clientes, Microsoft) é uma espécie de despedida. A Nokia como conhecemos no mundo dos eletrônicos de consumo mudou – porque o mercado onde ela atua e suas condições mudaram também – e, todos sabem, a Microsoft chegou.
Então, é um último grande evento da Nokia sozinha, sem Microsoft. Vamos brindar, então, a uma nova Nokia.
Foi um evento de grandes anúncios: os foblets Lumia 1520/1320, os novos Asha, um monte de inovação em software (como previsto e esperado se tratando da turma de Espoo, Finlândia) e… um tablet com Windows RT.
Recapitulando: Windows RT, para quem não lembra ou não foi apresentado, é uma versão adaptada do sistema operacional Windows 8 para processadores ARM – diferente do Win8, que roda em chips x86.
Foi lançado junto com o Windows 8 ano passado, teve apoio de um ou outro fabricante de hardware (lembro de Asus, Dell e da própria Microsoft com o Surface ). Não deu certo: faltavam apps, não existia um cliente de e-mail decente (nem Outlook) e só sobrou a Microsoft apostando na plataforma.
Agora saiu a versão atualizada do RT 8.1. A Microsoft atualizou o Surface. Agora, a Nokia adotou a plataforma no Lumia 2520. É um belo tablet com tela de 10,1″ Full HD, colorido, com um teclado opcional bacana. E o RT 8.1 tem cliente de e-mail instalado, o que é um grande avanço.
De qualquer modo, é um produto cheio de justificativas pela escolha do sistema operacional (especificações completas na Nokia)
Jo Harlow, vice-presidente de Smart Devices da Nokia, disse em entrevista que “somos uma companhia de mobilidade. E esse é um produto com a perspectiva da mobilidade em qualquer lugar. A mobilidade é possível com o Windows RT, pelo 4G e pela duração da bateria”, afirmou.
“É uma nova categoria de produto. Lançamos os de 6″ e o de 10″ Ainda vemos que existe espaço no meio também”, afirmou Harlow. “Aparelhos com chip ARM podem ser mais leves, fáceis de carregar e um processador quad-core reduz a latência”, comentou. (ou seja, quad-core + Windows RT = aparelho mais rápido?).
“Mas é uma nova oportunidade para a Nokia, tanto para consumir conteúdo como para aumentar a produtividade”.
Mas não foi só Harlow que justificou o Windows RT. Falei depois, aqui no Nokia World, com Luis Pineda, vice-presidente sênior de produtos da Qualcomm – a fabricante do Snapdragon 800 presente no Lumia 2520. Pineda é o cara responsável por tablets na Qualcomm e, claro, fez sua justificativa também.
E eu perguntei pra ele sobre o fracasso dos tablets anteriores com Windows RT e a resposta foi um tanto genérica (afinal, o executivo foi treinado para dar a melhor resposta possível): “Um processador baseado em ARM é uma excelente solução para duração de bateria por um dia todo. Com hardware inovador e o chipset Snapdragon 800, a Nokia mostra que esses aparelhos podem ser comercializados”.
Mas, Luis, não teve fabricante desistindo do sistema? “Não vimos muitos dispositivos no ecossistema, mas a Qualcomm é otimista sobre o uso do Windows em plataforma ARM. Agora ela está competitiva. É difícil não olhar para trás, mas as mudanças do Windows RT e a chegada do Outlook o transformam em um real aparelho de produtividade”, comentou o executivo.
“E agora o Windows RT é uma solução para empresas, BYOD (nome chique para “traga seu aparelho pessoal para usar na firma”), até mesmo pequenas empresas. Somos otimistas sobre o vindouro sucesso do Lumia 2520, e vemos que o ecossistema de fabricantes vai seguir o exemplo usando nossa solução de Snapdragon 800 quad-core com LTE. Outros OEMs vão nos seguir, aguarde diversos lançamentos”. OK, aguardarei.
Apesar de todas as justificativas da Nokia e da Qualcomm sobre a viabilidade do produto – que é basicamente voltado para venda com operadoras norte-americanas (sem subsídios, o Lumia 2520 será oferecido pelo valor sugerido de US$ 499) – conversando em paralelo com os demonstradores de produtos aqui no Nokia World 2013 fico com a seguinte impressão: o Lumia 2520 já vinha sendo desenvolvido faz tempo e a Nokia, independente da compra pela Microsoft, resolveu lançá-lo de qualquer modo.
O que o futuro reserva para o Lumia 2520 após a conclusão da aquisição, só a turma da Microsoft sabe. Não vejo muito uma companhia com dois produtos concorrentes – Surface 2 e Lumia 2520.
Disclaimer: ZTOP viajou a convite da Nokia Brasil. Todas as opiniões e fotos são nossas (o protetor solar e o método contra jet lag também).