O Motorola Moto G é um aparelho feito para causar uma mudança no mercado de smartphones. Se seu irmão maior Moto X mandou o recado de que não é preciso ter um hardware extremamente poderoso para criar um telefone excelente, o Moto G segue a linha e cria um novo padrão no mercado dos smartphones intermediários e com dois SIM cards de operadoras.
E por que um novo padrão? Simples: hardware bom (mas não excepcional), câmera razoável, garantia de atualização de sistema operacional e um preço mais que justo (valores sugeridos na versão básica: R$ 649 para um SIM Card com 8 GB internos, R$ 699 para dois SIM cards/8 GB).
Se eu fosse fabricante de smartphones, veria o Moto G como uma grande ameaça: descontando os aparelhos topo de linha do ano, os produtos intermediários e básicos ficam quase sempre no limbo quando se fala em atualizações ou novos recursos. Só nesse ponto o Moto G já justifica o investimento.
1) Design e hardware
Seu design é muito parecido com o do Moto X, por sinal (veja as principais diferenças entre os dois aparelhos), com um acabamento mais simplificado e materiais mais baratos em uso, e tem uma boa pegada (nada exagerada, por conta do tamanho da tela) na mão. A tela de 4,5″ HD é boa, mas não tanto como a do Moto X (questão de fidelidade de cores).
Seu hardware oferece um processador quad-core básico de última geração de 1,2 GHz (Qualcomm Snapdragon 400, e com software altamente otimizado pela Motorola para melhor desempenho), 3G apenas e câmera de 5 megapixels, além de 1 GB de RAM. E Android 4.3, com atualização prometida para janeiro (Android 4.4 “Kit Kat”). Bônus: 65 GB de armazenamento adicional no Google Drive.
Não existem botões físicos na parte frontal do Moto G….
…Somente na lateral direita (controle de volume e liga/desliga).
Acima do aparelho vemos o conector para fones de ouvido padrão 3,5 mm (com um microfone para redução de ruídos nas ligações logo ao lado dele).
E abaixo, o conector microUSB para troca de dados com o computador e recarga da bateria – e outro microfone.
Atrás, a câmera de 5 megapixels, seu flash/luz LED, alto-falante (e dá pra ver que a parte traseira fica com marca de dedos). A câmera segue o caso clássico de câmeras em smartphones Android: boas à luz do dia, sofríveis à noite (boa notícia: faz vídeos em câmera lenta como no Moto X). Amostras no nosso Facebook.
Diferente do Moto X, o Moto G tem a tampa traseira removível, embora sua bateria de 2070 mAH não saia do lugar (e tem um alerta pra isso, ainda que em inglês).
Isso pode causar estranheza entre o consumidor (“como não sai a bateria?”). Talvez seja o caso de aumentar o alerta.
A tampa removível dá acesso a dois slots nas laterais: a versão que testei do Moto G veio com entrada para dois SIM cards de operadoras. O principal fica do lado esquerdo da tela…
…e o secundário, do lado direito. Não existe a possibilidade, como nos Nokia Asha, de “hot swap” (=troca de SIM cards com o aparelho em uso – ao inserir um novo, o telefone será reinicializado). O Moto G usa microSIM cards (o X, nanoSIM, ainda menor).
2) Benchmarks
Ainda no hardware, vale perceber que o desempenho do Moto G, se comparado a aparelhos topo de linha (nossa referência em 2014 é o Samsung Galaxy S4 4G; e vale a comparação com o Moto X), não é de todo ruim (e bem maiores em relação ao Motorola Razr i, smartphone de um ano atrás).
O que esses números querem dizer? Que aplicativos rodam bem e até mesmo aqueles que precisam de maior desempenho gráfico (leia-se jogos) não devem apresentar problemas.
Uma explicação sobre Benchmarks usados no ZTOP está aqui. Números em AZUL representam o melhor resultado.
3) Interface
Um ponto positivo da Motorola pós-aquisição do Google é o fim da frescura de interfaces customizadas impostas pela fabricante. Existem modificações feitas pela Motorola, claro (não é Android “puro” como nos Nexus) e que facilitam demais a vida do consumidor. Telas iniciais não editáveis (eu gosto de uma só)…
…Lista de apps e widgets padrão…
… e um sistema de notificações inteligente. Algo que eu gosto muito no Android é o modo de upload de fotos para o Google+, embora isso gere alguns problemas de vez em quando na edição automática.
E com o tempo eu até me acostumei com o Google Now (apesar de ele querer me mandar pra casa o tempo todo).
A parte de gerenciamento de telefonia do Moto G – afinal, estamos falando de duas linhas telefônicas em um aparelho só – é centralizada nas configurações do aparelho – e a barra superior de notficações mostra o tempo todo quem está em uso (linha 1 ou 2).
E você escolhe com qual linha quer fazer ligações.
Um detalhe simples e muito útil é mostrar sugestões de contatos enquanto você começa a discar:
Voltando ao caso dos SIMs, também dá para gerenciar o uso de dados nos dois chips.
E definir de quem são as prioridades: dados ou voz.
A bateria do Moto G segue o padrão de aparelhos 3G com capacidade média de 2.000 mAH de carga: aguenta um dia (12h) de tranco, e você chega em casa com algo entre 25-32% de carga, dependendo do uso. O legal é que o aparelho fica vivo até o último segundo:
4) O ponto fraco
O Moto G tem bom desempenho, câmera razoável, hardware interessante e um preço bacana. Mas isso tudo tem um ponto fraco: o armazenamento. As versões mais baratas do Moto G vêm com apenas 8 GB internos, sem opção de expansão com cartões de memória. Eu usei o Moto G alternadamente desde Novembro, quando foi anunciado, baixei meus apps básicos, algumas músicas e vídeos e… está quase cheio. São 8 GB internos, com menos de 6 GB disponíveis ao consumidor.
Solução? Gastar mais nas versões especiaiis com 16 GB – chamadas Colors Edition (preço sugerido: R$ 799, e vem com quatro capinhas coloridas traseiras) e Music Edition (preço sugerido: R$ 999, e vem com um fone de ouvido Bluetooth da Sol Republic). Curiosamente, o fone da Sol Republic pode ser ativado pelo chip NFC integrado – recurso ausente do Moto G.
Problema novo? Nessa faixa de preço – principalmente na do Music Edition – o Moto G fica caro demais em comparação ao excelente Moto X (que custa um pouco mais caro e já vem com 4G, NFC e um co-processador que “te ouve” o tempo todo).
De qualquer modo, o Moto G é um baita aparelho que oferece um custo/benefício excelente em comparação a concorrentes mais básicos (Positivo, CCE, Samsung e LG têm aparelhos “dois chips” com preço parecido, mas com desempenho bem menor). Basta saber se controlar na hora de gerenciar os dados internos – o que é um belo desafio. Hoje, se você procura seu primeiro smartphone de verdade com Android, o Moto G é a opção a ser considerada.
Ah sim, é o único smartphone do mercado até onde sei que deseja Feliz Natal para as pessoas 🙂
Resumo: Motorola Moto G
O que é isso? Smartphone com sistema operacional Android 4.3.
O que é legal? Bom desempenho, tela HD, software otimizado e sem frescuras.
O que é imoral? Pouco espaço para armazenamento (8 GB) na versão mais básica. 16 GB só no modelo mais caro.
O que mais? Tem versões com 1 ou 2 SIM cards de operadoras. E tem atualização garantida para Android 4.4.
Avaliação: 7 (de 10). Entenda nosso novo sistema de avaliação.
Preço sugerido: a partir de R$ 649 (desbloqueado no varejo; operadoras podem ter planos e ofertas melhores)
Onde encontrar: Motorola