[MWC 2018] A Asus anunciou hoje em Barcelona sua quinta geração de smartphones, chamada Zenfone 5, com três modelos. Vi dois deles antes do evento de lançamento à noite: o Zenfone 5 e o Zenfone 5 Lite.
No total, são três aparelhos na linha: Zenfone 5 Lite (mais básico, com foco em câmera), o carro-chefe Zenfone 5 (intermediário com recursos de inteligência artificial) e o topo de linha Zenfone 5Z (similar em design, hardware e software ao Zenfone 5, mas com processador Qualcomm Snapdragon 845, até 8GB de RAM e 256 GB de armazenamento; tem o mesmo design do Zenfone 5).
Zenfone 5
O principal modelo da Asus é o Zenfone 5, que será lançado no segundo semestre no mercado brasileiro. É um smartphone de tela grande (6,2 polegadas) com proporção esquisita (19:9) em um corpo compatível com um aparelho de 5,5″, com a tela ocupando 90% do espaço com bordas mínimas e a (infame) franja (“notch”) similar à do iPhone X (ai).
Parece provocação simples e pura, já que essa borda superior nada acrescenta à experiência de uso do aparelho. Minha grande crítica aqui é terem feito um aparelho Android muito parecido com o iPhone X. Acho que a única coisa aí que diz que é um Asus é o acabamento traseiro com os círculos concêntricos, algo que vem da época dos notebooks Zenbook.
Nagano comenta: Se no ano passado alguns já tiraram uma das Asus por que o Zenfone 4 se parecia com um Galaxy da série J, agora podem tirar outra por eles copiarem a empresa com nome de fruta.
Quando vi essas orelhinhas, me veio à cabeça um trecho da antológica entrevista que Steve Jobs deu para Bob Cringely em 1995 (que a propósito, ainda pode ser vista no Netflix)” em que ele também tirava uma do seu concorrente da época, a Microsoft.
Segundo o tradutor do Google ele disse o seguinte:
“O único problema com a Microsoft é que eles simplesmente não têm gosto. Eles não têm absolutamente nenhum gosto. E o que isso significa é – eu não quero dizer isso de uma maneira pequena. Quero dizer, isso de uma maneira grande, no sentido de que … eles não pensam em idéias originais e não trazem muita cultura em seu produto. E você diz: “Bem, por que isso é importante?” Bem, você sabe, as fontes proporcionalmente espaçadas vêm da composição e dos belos livros. É aí que a idéia é assim. Se não fosse pelo Mac, eles nunca teriam isso em seus produtos. E então acho que estou triste porque não o sucesso da Microsoft. Não tenho nenhum problema com seu sucesso. Eles ganharam seu sucesso na maior parte. Tenho um problema com o fato de que eles apenas criam produtos realmente de terceira categoria. Seus produtos não têm espírito para eles. Seus produtos não têm nenhum tipo de espírito de iluminação sobre eles. Eles são muito pedestres. E a parte triste é que a maioria dos clientes também não tem muito desse espírito”
Troquem o nome Microsoft ai em cima por Asus e vocês terão uma idéia de como estou me sentindo e não precisa ser assim já que a engenharia da ASUS é de primeiríssima linha, o seu design industrial (pelo menos na época do Daniel Alenquer) primoroso e criativo, e o hardware do 5/5Z me parece ser um baita de um produto de modo que e a Asus não precisa de uma tela transada para fazer barulho e atazanar a concorrência.
Mas cá entre nós quem se importa? Daqui a alguns meses o 5 vai ser notícia velha e todo mundo vai estar confabulando sobre como vai ser o Zenfone 6.
E e se as orelhinhas realmente não fizerem sucesso — tira ué?
Como já dizia um colega meu do mercado, marketing é algo simples: Você bola uma uma estratégia que, se aprovada pela gerência você cai de cabeça nela e…
Se deu certo, ótimo! Você é um gênio, ganha tapinha nas costas e vamos lá de novo!
Se deu errado você coça a cabeça, talvez leve uma bronca mas diz que aprendeu com esse erro e vamos lá de novo!
Simples assim.
No tempo que passei com o aparelho – ainda com hardware e software não finalizados – percebi o esforço cada vez maior da Asus em simplificar o uso do Zenfone. Tanto que ele vem apenas com dois apps de terceiros (Facebook e Instagram) e usa apps nativos do Google (navegador, e-mail, teclado, mensagens) em vez de aplicações desenvolvidas pela própria Asus/bloatware de terceiros.
Uma das mensagens principais da Asus é que investiu em software com o Zenfone 5. Mas não com a (cada vez mais simples, o que é ótimo) ZenUI, mas com recursos de inteligência artificial integrados ao sistema operacional Android Oreo.
Exemplos? 16 modos de detecção de cena (que usam recursos de machine learning) que conseguem distinguir entre cães e gatos ou pessoas e comida. Ou a “recarga inteligente”, que entende que o consumidor carrega a bateria todas as noites e realiza o processo sozinha até 80% da capacidade de carga, pausando a recarga e reiniciando para chegar aos 100% somente em um horário próximo do momento de sair da cama. Além disso, o Zenfone 5 consegue ajustar sozinho a temperatura de cor da tela de acordo com o ambiente, entre outros truques de software.
O hardware do Zenfone 5 vem com processador Qualcomm Snapdragon 636, tela de 6,2″ (2.246 x 1.080 pixels) protegida por Gorilla Glass, versões com 4GB ou 6GB de RAM e 64 GB de armazenamento interno, som DTS Headphone:X, suporte a dois SIM cards de operadoras e uma bateria com capacidade de armazenamento de 3.300 mAH.
A câmera dupla traseira (com sensor Sony “de última geração”, como a Asus faz questão de frisar) tem sensores de 12 megapixels com abertura f/1.8 na câmera principal e 120 graus de visualização na câmera secundária (grande angular).O Zenfone 5 virá em duas cores, azul escuro ou prata/branco (nomes oficiais: “Midnight Blue” e “Meteor Silver”). Seu preço não foi divulgado, e a data de lançamento no Brasil “deve ser no final do ano”, de acordo com a Asus Brasil (me senti em 2006 com a Nokia anunciando o N95 que chegou quase 1 ano depois às lojas).
Já o Zenfone 5Z será vendido na Europa por um preço sugerido a partir de 479 Euros. Aqui o Zenfone 5 ao lado do Zenfone 4, da geração anterior: aparelho com tela de 6,2″ é menor que o de tela de 5,5″. E aqui o Zenfone 5 ao lado da sua inspiração em design, o iPhone X:Compare as “franjas”: Zenfone 5 ao lado do iPhone X (Tks Foggy!)
Nagano comenta: Durante o evento que lançou o Zenfone 5 no MWC, o novo Big Kahuna do Marketing Global da Asus (e chapa deste ZTOP) Marcel Campos falou sobre a tela do 5 e o motivo da empresa ter adotado o estranho padrão de formato 19:9.
Segundo o executivo, de acordo com o contexto, o Zen UI é capaz de reduzir o tamanho da tela de modo que as “orelhinhas” (= notch) fiquem de fora dela:
A utilidade mais óbvia para essa função é a reprodução de imagens e vídeos que, apesar da redução da área da tela, ainda pode ser reproduzida na proporção de 18:9. Daí a adoção da tela de 19:9.
Como já disse, a engenharia da Asus é muito boa.
Zenfone 5 Lite
O Asus Zenfone 5 Lite é o modelo de entrada da família Zenfone e deve (mas ainda não foi confirmado) chegar ao Brasil com o nome de Zenfone 5 Selfie, por conta da câmera dupla frontal e traseira. Tem corpo em proporção 18:9 com tela de 6″ (2160 x 1080) em um tamanho de smartphone de 5,5″. É um modelo com processador Snapdragon 630 (sem os recursos de AI do irmão maior) e terá versões com 4 GB RAM / 64 GB ROM e 3 GB RAM / 32 GB ROM, em preto, branco e vermelho.
O grande destaque aqui são as câmeras: duas na frente (20 megapixels, f/2.0) e duas atrás (16 megapixels, f/2.2). Nada de preço ainda, nem data de lançamento.