A Samsung lança amanhã (22) no mercado brasileiro o smartphone Galaxy A9, o primeiro modelo da marca com quatro câmeras traseiras.
No final do ano, em Seul, falei com Sang Il Park, um dos designers do A9 para entender como foi pensado o design do aparelho.
- Ser um produto de estilo de vida
- Transmitir emoções
- Ser visto como “energia pura”
(soa estranho, mas a pesquisa antropológica e de marketing costuma gerar esses conceitos).
Como conclusão, três elementos principais de design surgiram:
- a câmera quádrupla atrás, “naturalmente integrada ao aparelho e com uma protuberância mínima”. Imagem é mais importante que escrita para o público-alvo, então para tirar uma foto boa é preciso ter lentes de verdade. A primeira lente é a principal, tem uma de zoom óptico e uma grande angular, além de uma quarta para gerar efeito bokeh/fundo desfocado.
- Um vidro irradiante com cores distintas “maximizando a beleza com vidro curvado e uma linda laminação”
- Uma mistura de metal e vidro coloridos no corpo do aparelho, criando um gradiente na traseira e laterais
O gradiente, segundo Park, foi um grande desafio para tornar o visual do aparelho uma coisa integrada. Isso incluiu pesquisar novos métodos de trabalhar com metal anodizado e chegar aos três estilos que dão nome às cores:
- Preto Caviar (o único sem gradiente, por sinal), “simples e sofisticado”
- Azul Limonada (com gradiente do azul claro ao escuro), “vívido e energético”
- Rosa Chiclete (com gradiente do rosa claro ao escuro), “feliz e brilhante”.
E acredito que a Samsung acertou a mão nas cores. Aparelhos com gradientes na traseira/lateral já são comuns na Ásia e Europa (como a Huawei vem dizendo faz um tempo) e o resultado é bem bonito ao se ver de perto.
Samsung Galaxy A9: galeria de fotos
Por que esses nomes? Park disse que veio de um trabalho em conjunto com a equipe de marketing, para enfatizar o gradiente. E se a cor se chama Rosa Chiclete, é porque a inspiração foi a bolha de um chiclete – que começa escura (com a goma na boca do consumidor) e vai ficando aos poucos mais clara.
Modos de câmera no Galaxy A9
Ainda sobre Pesquisa e Desenvolvimento
1) Telas: o que importa
Harksang Kim, vice-presidente sênior de pesquisa e desenvolvimento de Mobile Visual na Samsung, fez uma extensa apresentação sobre o que importa em P&D para câmera e tela (=mobile vision) para a fabricante.
Começando pelas telas:
- Maior resolução
- Maior tamanho de tela
- Novos designs
- Usabilidade
Tudo isso combinado leva à próxima inovação em telas para a Samsung, de acordo com o sr. Kim, que citou exemplos históricos da empresa para isso – do primeiro display Amoled (no telefone Galaxy S original) com 4 polegadas, ao passar para as telas pentile no Galaxy S3 e S-Pentile no S4 em diante – que já tinha 4,9 polegadas. E se o Galaxy S2 tinha 4,3” (480 x 800) com bordas, o Note 9 de 2018 e suas 6,4 polegadas (2960 x 1440) sem bordas e com tela infinita.
Desafios para crescer a tela, seguindo a Samsung:
- Aumentar a eficiência energética
- Usando materiais novos OLED
- Adotando novas tecnologias de baixo consumo da tela
- Reduzindo a grossura da tela e, por consequência, dando mais espaço para a bateria.
2) Câmeras: o que importa
- Maior resolução
- Qualidade de imagem profissional
- Experiência similar a uma câmera DSLR
- Ser “mais que uma câmera” (para emojis de AR, por exemplo)
- Recursos de inteligência artificial e aprendizado de máquina dentro da câmera
No caso da Samsung, é até curioso falar de resolução, porque os primeiros Galaxy tinham 5 megapixels de resolução, chegaram a 16 megapixels em 2014 (S5) e estabilizou nos 12 megapixels desde o Galaxy S7. Por que isso? Evolução em sensores, em pixel duplo e redução de ruído fizeram a Samsung adotar uma câmera principal de 12 megapixels.
Diz o chefe de pesquisas da Samsung que a maioria dos consumidores usa o modo automático para tirar fotos, mas que o próximo desafio é fazer a câmera “ver além do olho humano”.
Impressões gerais da Samsung sobre temas polêmicos em telas e câmeras
- Telas dobráveis
É possível (a conversa ocorreu algumas semanas antes do teaser da tela dobrável), mas depende de estrturura, componentes, software e uma boa interface de usuário. É algo que tem partes móveis e que não podem ser frágeis, que tem uma tela maior que lembra um tablet, mas não é um tablet, e que tem que ter capacidade de multiprocessamento.
2. Notch / Franja / Entalhe x Tela cheia
A Samsung enxerga que tela cheia é essencial – mas até então tem muitos sensores ali no topo da tela. “´É preciso reorganizar as estruturas”, de acordo com o sr. Kim, que diz estar explorando vários tipos de considerações – de telas com câmeras deslizantes atrás a modelos com a câmera dentro da tela. Outro limitador para uma tela sem bordas por completo são os sensores na parte inferior do display, com antenas e outros componentes.
3) Leitor de impressões embaixo da tela
Segundo o porta-voz da Samsung, são duas tecnologias possíveis – a óptica e a elétrica, e a Samsung tem capacidade de usar as duas. “Mas ainda é algo que precisa ser estabilizado antes de chegar ao consumidor”
4) E como será o smartphone em cinco anos?
Vai mudar muito – será dobrável, com aumento de performance e recursos de IA que não eram possíveis antes. O futuro da IA será mais preciso e capaz de entender o ambiente do consumidor.
Fiz essa mesma pergunta para o Park, designer do A9. “Do ponto de vista do designer, é muito tempo. Gostamos de diversidade e criar novos mercados, então depende muito de entendermos o que o consumidor quer”.
Henrique viajou a Seul no final de 2018 a convite da Samsung. Fotos (neste post foram todas!) e opiniões são dele mesmo.