A Huawei anunciou hoje em Munique a chegada da linha de smartphones Mate 30. Richard Yu, CEO da unidade de consumo da Huawei, subiu ao palco do centro de convenções com um tom nervoso e fala veloz.
É a primeira família de aparelhos a ser lançada apenas com a versão básica do Android 10, sem os aplicativos do Google instalados. A Huawei disse que a linha nova vem com “Huawei Mobile Services” (a lojinha de apps da marca) e deu os preços em euro, mas não comentou quando começa a vender os smartphones.
Fato é que a Huawei foi atingida em cheio pela restrição comercial causada pelos Estados Unidos – por mais que a companhia diga que está tudo sob controle (vide os outdoors enormes espalhados por Munique).
A renovação da concessão de mais três meses dada em agosto para empresas norte-americanas fazerem negócios com a Huawei (e outras empresas na lista negra de comércio dos EUA) não significou novos produtos homologados para serem lançados com parceiros americanos – e por isso o Mate 30 não tem os serviços do Google instalados.
Mas tem Android, não? Sim, porque a base do sistema é de código aberto (chamada de AOSP).
O que a Huawei faz com o Mate 30 agora é similar ao que outras empresas que atuam no mercado chinês (onde o Google não opera, por sinal): sem os chamados Google Mobile Services (GMS), que incluem aplicativos como Google App, Chrome, Gmail, Maps, YouTube, Play Store, Drive, Play Music, Play Movies, Duo e Photos num pacote básico que já vem pré-instalado nos smartphones vendidos no ocidente.
O problema é que, sem acesso à Play Store – porta de acesso a milhares de aplicativos, incluindo alguns muito importantes (WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram etc.) desenvolvidos nos EUA, o mundo ocidental fica trancado para fora.
E aí as alternativas:
- Usar a própria loja da Huawei (App Gallery) para distribuir aplicativos (o que é questionável, já que desenvolvedores americanos não podem fazer negócio com a Huawei). Na apresentação de Munique, o CEO Richard Yu falou sobre os Huawei Mobile Services integrados ao Mate 30. É Android 10 mesmo sem GMS. Vai ter um “incentivo” de marketing de US$ 1 bilhão para devs levarem seus apps para o ecossistema do HMS.
- Instalar os GMS “por fora” (o que envolve algum conhecimento técnico e que, também na teoria, pode ser barrado pelo Google porque não é um smartphone certificado de forma oficial)
A opção 1, apesar da enorme base da Huawei, cai no paradoxo que matou o Windows Phone: a plataforma pode ser ótima, mas quem faz parte do ecossistema? Já ouvi falar que a Huawei – incluindo gente do escritório brasileiro – anda visitando desenvolvedores de aplicativos para trazer para o “lado deles”. Tem o desafio de portabilidade para uma nova plataforma/sistema operacional e o risco de saber, para o desenvolvedor, se aquilo vai trazer dinheiro ou não. Ter um incentivo financeiro ajuda, com o programa para devs anunciado junto com os novos smartphones.
E na opção 2, é algo que – apesar de existirem alternativas mais simples para o consumidor fazer por conta – a Huawei simplesmente não pode sair contando para todo mundo por questões legais. Nenhum departamento jurídico seria suicida o suficiente para aprovar esse tipo de comunicação. Nada impede, porém, que os consumidores façam isso por conta e risco.
Huawei Mate 30 – a linha de produtos
Numa comparação básica, a linha Mate representa para a Huawei o que os Galaxy Note são para a Samsung: é um segundo modelo topo de linha voltado a um público profissional (com a diferença de os Mate 30 não ter a caneta Stylus integrada ao produto).
A maioria das especificações técnicas do Mate 30/Mate 30 Pro já tinha vazado nas últimas semanas, por sinal.
O que importa aqui:
- as quatro câmeras do Mate 30 Pro – incluindo um sensor grande angular que também atua como um “sensor cinematográfico”.
- baterias grandes – 4.200 mAh para o Mate 30 e 4.500 mAh para o Mate 30 Pro
- a tela “waterfall” (chamada Horizon Display) curvada do Mate 30 Pro, que parece um detalhe de design incrível. Quero só ver como (ou se) segurar o aparelho pelas bordas vai interferir na operação da tela.
- a Huawei falar que os Mate 30 têm “o notch mais sofisticado” do mercado.
- a interface EMUI 10 com controle por gestos (estilo LG G8, olha só) e rastreamento inteligente da tela (seguindo movimento dos olhos); destaque para recursos de proteção de privacidade.
- a eterna zoeira da Huawei nas demonstrações com concorrentes – Galaxy Note 10 e iPhone 11 não foram poupados nas comparações.
- Outros produtos: tem uma versão do Mate 30 Pro com design (e preço) desenvolvido com a Porsche; um novo Huawei Watch GT 2 que finalmente permite controlar músicas (mas só arquivos no próprio relógio), uma TV (!) Huawei Vision e fones com cancelamento de ruído.
- Não há previsão de lançamento dos Mate 30 no Brasil (ou em qualquer lugar do mundo) – estou aguardando um posicionamento da companhia sobre cortes efetuados no time local (o pessoal de América Latina afirma que a operação segue normal).
- Meu ~ sentimento ~ sobre esse lançamento: enquanto não resolver a situação com o Google, esse aparelho não chega às lojas.
Preços sugeridos da linha Mate 30 na Europa:
- Mate 30: 799 euros (8 GB RAM/128 GB internos)
- Mate 30 Pro: 1.099 euros (8 GB RAM/256 GB internos)
- Mate 30 Pro 5G: 1.199 euros (8 GB RAM/256 GB internos)
- Mate 30 Pro Porsche Design: 2.095 euros (12 GB RAM/512 GB internos)
Datas de lançamento na Europa, porém, não foram informadas.
Galeria de fotos
Disclaimer: Henrique viajou a convite da Huawei Brasil. Fotos e opiniões são todas dele.
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